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DOLCE & GABANNA
"O mundo precisa do luxo"
Dupla de top designers aposta em estilo jovem, no humor dos anos 80, elogia Gisele Bündchen e fala sobre o desejo de trabalhar com Eminem
Associated Press - 27.fev.2003
![](../images/11703200301.jpg) |
Stefano Gabbana e Domenico Dolce (atrás) com Gisele Bündchen |
CAMILA YAHN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Domenico Dolce e Stefano Gabbana acabaram de apresentar o
desfile de Dolce & Gabbana e de
sua linha jovem, a D&G, em Milão. Depois da temporada, vieram
para o Rio de férias, onde se deslumbraram com a sensualidade
das meninas brasileiras.
Donos de 35 lojas espalhadas
pelo mundo, a marca faz suas
apostas agora no mercado asiático. E, apesar de terem visto "muita gente" vestindo suas roupas
por aqui, ainda não pensam em
abrir loja própria no Brasil (Dolce
& Gabbana vende na Daslu, em
São Paulo). "Talvez seja nosso
próximo passo, mas não acontecerá agora", diz Stefano Gabbana.
Entre festas, passeios e praia, a
dupla conversou com a Folha.
Animados e calorosos, como
bons italianos, Dolce e Gabbana
falam sobre Gisele, popstars, crise
econômica e Brasil.
Folha - A sua imagem de mulher é
superfeminina e sexy. Qual mulher
têm em mente quando trabalham?
Stefano Gabbana - Não pensamos numa mulher especial. Amamos mulheres femininas e sexies,
elas são nossa maior inspiração.
No passado tivemos algumas musas, como Sophia Loren e Madonna. Mas neste momento não temos uma musa específica, então
olhamos para a mulher do sul.
Folha - E de que forma essa mulher se conecta com a imagem da
mulher brasileira?
Gabbana - O Brasil é isso, é sul.
Todo o sul do mundo tem quase a
mesma atmosfera. São países
muito diferentes conectados por
um "way of life" parecido. São
pessoas felizes, que amam a vida.
As mulheres brasileiras são assim.
Eu lembro quando vi Gisele pela
primeira vez no casting. Falei para
Domenico: "Acabei de ver uma
brasileira linda. Ela está começando, mas logo vai virar uma estrela". O que se tornou verdade. Senti falta dela no Carnaval...
Folha - De que forma vocês enxergam o mercado de luxo atualmente, com toda a crise no mundo?
Gabbana - Nós não passamos
por crises [risos". As pessoas precisam do luxo. Há muitas marcas
que chamam suas linhas e produtos de "luxury" quando não é verdade. "Luxury" são peças únicas e
muito especiais. O mundo passa
por muita crise, mas achamos
que, se você conseguir alimentar
as pessoas com sonhos, a crise
não te alcança. E hoje as pessoas
procuram por um novo estilo de
vida. A nova geração é mais
"wild" [selvagem, crua", veste
jeans e camiseta e usa ternos como uniformes e não como uma
roupa bonita para sair à noite. É a
nova força jovem.
Folha - Vocês têm uma ligação
com a música muito forte. Fizeram
a turnê "The Girlie Show", da Madonna, e as turnês de Whitney
Houston e Kylie Minogue.
Gabbana - A Madonna nos ajudou muito no começo. Mas a relação que temos não é baseada em
um contrato. Normalmente nós
conhecemos essas pessoas, nos
tornamos amigos e a partir daí começamos a trabalhar juntos. Agora gostaríamos de trabalhar com
Jennifer Lopez e Eminem.
Dolce - É interessante porque ele
é totalmente diferente da Dolce &
Gabbana.
Folha - Eminem? Não combina
com o humor e a energia da marca.
Gabbana - Todas as celebridades
têm uma imagem que as fazem
mais populares. Talvez o que conheçamos de Eminem seja só essa
única imagem que ele mostra. Ele
é como um espelho do mundo.
Metade desse mundo vive o que
ele canta.
Folha - O desfile da D&G teve uma
forte influência dos anos 80. Por
que essa década ainda fascina tanto a moda como a música?
Gabbana - Nossa coleção tem a
ver com os 80, mas não queremos
refazer os anos 80. Essa década
tem uma atmosfera e um humor
legais. É superfashion, feliz, colorida e positiva. Daí a vontade de
trazer esses elementos de volta.
Folha - Quando vocês se deram
conta que haviam realmente chegado a um patamar de sucesso?
Gabbana - Não nos demos conta
disso ainda. Amamos a vida, pegamos muita inspiração das pessoas nas ruas, nos restaurantes,
clubes. Quando viajamos, não
gostamos de ir a restaurantes clássicos. Frequentamos lugares comuns mesmo para ver a vida real.
Isso é muito importante para entender as pessoas. É a partir daí
que começamos uma nova coleção. Estamos sempre atentos, não
paramos nunca. Continuamos
trabalhando no cinema, nas festas, bares, férias...
Folha - Com o que o Brasil pode
contribuir para a moda no mundo?
Gabbana - Tudo pode ser usado
na moda. Cada lugar tem um toque único. Se pensar nos modelos, os brasileiros são mais importantes ainda. Nos anos 90, as pessoas queriam modelos inglesas com caras tristes.
Agora a atmosfera é
sensual, apaixonada, positiva e feliz.
Nesse ponto, os
brasileiros são
muito parecidos
com os italianos.
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