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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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DOLCE & GABANNA

"O mundo precisa do luxo"

Dupla de top designers aposta em estilo jovem, no humor dos anos 80, elogia Gisele Bündchen e fala sobre o desejo de trabalhar com Eminem

Associated Press - 27.fev.2003
Stefano Gabbana e Domenico Dolce (atrás) com Gisele Bündchen


CAMILA YAHN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Domenico Dolce e Stefano Gabbana acabaram de apresentar o desfile de Dolce & Gabbana e de sua linha jovem, a D&G, em Milão. Depois da temporada, vieram para o Rio de férias, onde se deslumbraram com a sensualidade das meninas brasileiras.
Donos de 35 lojas espalhadas pelo mundo, a marca faz suas apostas agora no mercado asiático. E, apesar de terem visto "muita gente" vestindo suas roupas por aqui, ainda não pensam em abrir loja própria no Brasil (Dolce & Gabbana vende na Daslu, em São Paulo). "Talvez seja nosso próximo passo, mas não acontecerá agora", diz Stefano Gabbana.
Entre festas, passeios e praia, a dupla conversou com a Folha. Animados e calorosos, como bons italianos, Dolce e Gabbana falam sobre Gisele, popstars, crise econômica e Brasil.

Folha - A sua imagem de mulher é superfeminina e sexy. Qual mulher têm em mente quando trabalham?
Stefano Gabbana -
Não pensamos numa mulher especial. Amamos mulheres femininas e sexies, elas são nossa maior inspiração. No passado tivemos algumas musas, como Sophia Loren e Madonna. Mas neste momento não temos uma musa específica, então olhamos para a mulher do sul.

Folha - E de que forma essa mulher se conecta com a imagem da mulher brasileira?
Gabbana -
O Brasil é isso, é sul. Todo o sul do mundo tem quase a mesma atmosfera. São países muito diferentes conectados por um "way of life" parecido. São pessoas felizes, que amam a vida. As mulheres brasileiras são assim. Eu lembro quando vi Gisele pela primeira vez no casting. Falei para Domenico: "Acabei de ver uma brasileira linda. Ela está começando, mas logo vai virar uma estrela". O que se tornou verdade. Senti falta dela no Carnaval...

Folha - De que forma vocês enxergam o mercado de luxo atualmente, com toda a crise no mundo?
Gabbana -
Nós não passamos por crises [risos". As pessoas precisam do luxo. Há muitas marcas que chamam suas linhas e produtos de "luxury" quando não é verdade. "Luxury" são peças únicas e muito especiais. O mundo passa por muita crise, mas achamos que, se você conseguir alimentar as pessoas com sonhos, a crise não te alcança. E hoje as pessoas procuram por um novo estilo de vida. A nova geração é mais "wild" [selvagem, crua", veste jeans e camiseta e usa ternos como uniformes e não como uma roupa bonita para sair à noite. É a nova força jovem.

Folha - Vocês têm uma ligação com a música muito forte. Fizeram a turnê "The Girlie Show", da Madonna, e as turnês de Whitney Houston e Kylie Minogue.
Gabbana -
A Madonna nos ajudou muito no começo. Mas a relação que temos não é baseada em um contrato. Normalmente nós conhecemos essas pessoas, nos tornamos amigos e a partir daí começamos a trabalhar juntos. Agora gostaríamos de trabalhar com Jennifer Lopez e Eminem.

Dolce - É interessante porque ele é totalmente diferente da Dolce & Gabbana.

Folha - Eminem? Não combina com o humor e a energia da marca.
Gabbana -
Todas as celebridades têm uma imagem que as fazem mais populares. Talvez o que conheçamos de Eminem seja só essa única imagem que ele mostra. Ele é como um espelho do mundo. Metade desse mundo vive o que ele canta.

Folha - O desfile da D&G teve uma forte influência dos anos 80. Por que essa década ainda fascina tanto a moda como a música?
Gabbana -
Nossa coleção tem a ver com os 80, mas não queremos refazer os anos 80. Essa década tem uma atmosfera e um humor legais. É superfashion, feliz, colorida e positiva. Daí a vontade de trazer esses elementos de volta.

Folha - Quando vocês se deram conta que haviam realmente chegado a um patamar de sucesso?
Gabbana -
Não nos demos conta disso ainda. Amamos a vida, pegamos muita inspiração das pessoas nas ruas, nos restaurantes, clubes. Quando viajamos, não gostamos de ir a restaurantes clássicos. Frequentamos lugares comuns mesmo para ver a vida real. Isso é muito importante para entender as pessoas. É a partir daí que começamos uma nova coleção. Estamos sempre atentos, não paramos nunca. Continuamos trabalhando no cinema, nas festas, bares, férias...

Folha - Com o que o Brasil pode contribuir para a moda no mundo?
Gabbana -
Tudo pode ser usado na moda. Cada lugar tem um toque único. Se pensar nos modelos, os brasileiros são mais importantes ainda. Nos anos 90, as pessoas queriam modelos inglesas com caras tristes. Agora a atmosfera é sensual, apaixonada, positiva e feliz. Nesse ponto, os brasileiros são muito parecidos com os italianos.


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