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CINEMA
"Separações", de Domingos Oliveira, vence como melhor filme e ator em premiação do Festival de Mar del Plata
Argentina consagra produção brasileira
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA
Com um prêmio duplo ao filme
"Separações", de Domingos Oliveira, a Argentina consagrou o
Brasil no encerramento da 18ª
edição do Festival Internacional
de Cinema de Mar del Plata, na
noite do último sábado.
"Santo de casa não faz milagre",
repetia o diretor, após o anúncio
dos prêmios de melhor filme e
melhor ator, dado ao próprio Oliveira, que protagoniza seu longa-metragem, no papel autobiográfico de Cabral.
Em cartaz no Brasil desde janeiro, "Separações" competiu no
Festival de Gramado e foi ignorado pelo júri, com exceção do prêmio de melhor atriz para Priscilla
Rozenbaum, mulher do diretor.
"Houve um grande preconceito
em relação ao meu filme em Gramado, um preconceito idiota, que
eu não sentia desde os anos 60,
contra o fato de o filme não tratar
diretamente de um problema social. Indiretamente ele trata, porque todos os problemas são sociais e todos os atos são políticos",
disse Oliveira à Folha.
"Separações" acompanha o
processo de afastamento e reaproximação do casal formado pela atriz Glorinha (Rozenbaum) e
pelo diretor de teatro Cabral, em
torno do qual diversos outros romances começam e terminam.
"Sempre estranhei muito a dor
intensa que uma separação amorosa causa. Já que as separações
são tão comuns, por que se sofre
tanto? Eu quis fazer um filme analítico sobre esse assunto, muito
baseado na minha vivência", afirmou o cineasta.
Integrante do júri que premiou
Oliveira, a diretora Suzana Amaral disse que a decisão foi "unânime tanto para filme quanto para
ator". Os demais integrantes do
júri -todos cineastas- são a indiana Deepa Mehta, o francês
Pascal Bonitzer, o argentino Carlos Sorín e o belga-americano Ulu
Grosbard.
Brasil e Argentina
"Separações" não entusiasmou
a crítica em Mar del Plata, mas foi
aplaudido de pé pelo público, na
sessão oficial competitiva, na última quarta. Diretor artístico do
festival, o cineasta argentino Miguel Pereira se disse "particularmente feliz com a vitória de um
filme brasileiro".
"Quis uma forte presença do cinema brasileiro em Mar del Plata,
porque acho que essa é a lógica
das coisas. Há uma aproximação
política entre Argentina e Brasil
que nos fortalece como bloco no
Mercosul. A cultura tem de acompanhar esse movimento. Foi uma
sorte e uma alegria o festival ser
coroado por um prêmio duplo ao
Brasil", afirmou.
Além de participar com um filme entre os 16 da competição oficial, o Brasil abriu o festival, no último dia 6, com a exibição fora de
concurso de "Cidade de Deus", de
Fernando Meirelles e Katia Lund.
O país teve ainda cinco títulos
recentes exibidos em mostras paralelas. Os cineastas Walter Salles
e Nelson Pereira dos Santos também foram homenageados com
retrospectivas.
De acordo com a organização
do festival, "Cidade de Deus" foi o
filme mais procurado pelo público e o primeiro a ter os ingressos
para todas as sessões esgotados.
O júri da crítica internacional
escolheu como melhor filme o dinamarquês "Facing the Truth",
de Nils Malmros. A crítica argentina elegeu o norte-americano
"Bug", de Phil Hay e Matt Manfredi. "Valentín", dirigido pelo argentino Alejandro Agresti e co-produzido por Holanda e Argentina, foi o escolhido para levar o
prêmio especial do júri.
A jornalista Silvana Arantes viajou a
convite da organização do festival
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