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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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CINEMA

"Separações", de Domingos Oliveira, vence como melhor filme e ator em premiação do Festival de Mar del Plata

Argentina consagra produção brasileira

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA

Com um prêmio duplo ao filme "Separações", de Domingos Oliveira, a Argentina consagrou o Brasil no encerramento da 18ª edição do Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, na noite do último sábado.
"Santo de casa não faz milagre", repetia o diretor, após o anúncio dos prêmios de melhor filme e melhor ator, dado ao próprio Oliveira, que protagoniza seu longa-metragem, no papel autobiográfico de Cabral.
Em cartaz no Brasil desde janeiro, "Separações" competiu no Festival de Gramado e foi ignorado pelo júri, com exceção do prêmio de melhor atriz para Priscilla Rozenbaum, mulher do diretor.
"Houve um grande preconceito em relação ao meu filme em Gramado, um preconceito idiota, que eu não sentia desde os anos 60, contra o fato de o filme não tratar diretamente de um problema social. Indiretamente ele trata, porque todos os problemas são sociais e todos os atos são políticos", disse Oliveira à Folha.
"Separações" acompanha o processo de afastamento e reaproximação do casal formado pela atriz Glorinha (Rozenbaum) e pelo diretor de teatro Cabral, em torno do qual diversos outros romances começam e terminam.
"Sempre estranhei muito a dor intensa que uma separação amorosa causa. Já que as separações são tão comuns, por que se sofre tanto? Eu quis fazer um filme analítico sobre esse assunto, muito baseado na minha vivência", afirmou o cineasta.
Integrante do júri que premiou Oliveira, a diretora Suzana Amaral disse que a decisão foi "unânime tanto para filme quanto para ator". Os demais integrantes do júri -todos cineastas- são a indiana Deepa Mehta, o francês Pascal Bonitzer, o argentino Carlos Sorín e o belga-americano Ulu Grosbard.

Brasil e Argentina
"Separações" não entusiasmou a crítica em Mar del Plata, mas foi aplaudido de pé pelo público, na sessão oficial competitiva, na última quarta. Diretor artístico do festival, o cineasta argentino Miguel Pereira se disse "particularmente feliz com a vitória de um filme brasileiro".
"Quis uma forte presença do cinema brasileiro em Mar del Plata, porque acho que essa é a lógica das coisas. Há uma aproximação política entre Argentina e Brasil que nos fortalece como bloco no Mercosul. A cultura tem de acompanhar esse movimento. Foi uma sorte e uma alegria o festival ser coroado por um prêmio duplo ao Brasil", afirmou.
Além de participar com um filme entre os 16 da competição oficial, o Brasil abriu o festival, no último dia 6, com a exibição fora de concurso de "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles e Katia Lund.
O país teve ainda cinco títulos recentes exibidos em mostras paralelas. Os cineastas Walter Salles e Nelson Pereira dos Santos também foram homenageados com retrospectivas.
De acordo com a organização do festival, "Cidade de Deus" foi o filme mais procurado pelo público e o primeiro a ter os ingressos para todas as sessões esgotados.
O júri da crítica internacional escolheu como melhor filme o dinamarquês "Facing the Truth", de Nils Malmros. A crítica argentina elegeu o norte-americano "Bug", de Phil Hay e Matt Manfredi. "Valentín", dirigido pelo argentino Alejandro Agresti e co-produzido por Holanda e Argentina, foi o escolhido para levar o prêmio especial do júri.


A jornalista Silvana Arantes viajou a convite da organização do festival


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