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JAZZ
Caixa revive
saxofone de
Dexter
Gordon
CARLOS CALADO
especial para a Folha
O nome Dexter Gordon pode
soar desconhecido para muitos. Mas quem viu o filme ``Por
Volta da Meia-Noite''
(``Round Midnight'', 1986), do
francês Bertrand Tavernier, já
sabe que se trata de um músico
especial.
É o que confirmam os seis
CDs da caixa ``Dexter Gordon -
The Complete Blue Note Sixties
Sessions'' -uma luxuosa edição importada pela EMI, que
revive uma das melhores fases
musicais desse jazzista norte-americano.
Do alto de seus mais de dois
metros de altura, Gordon
(1923-1990) revelou-se, no final
dos anos 40, como o mais brilhante sax tenor do ``bebop''
-o estilo nervoso e irreverente
que introduziu o jazz na era da
modernidade.
Porém, como outros músicos
de sua geração, Gordon sumiu
dos palcos e estúdios durante
grande parte dos anos 50.
Viciado em heroína, foi detido
com a droga e passou dois anos
na prisão.
A volta oficial do saxofonista
aconteceu em 6 maio de 1961
-data da primeira das 11 sessões de gravação que ele veio a
fazer para o influente selo Blue
Note.
``Doin' Allright'' inaugurou
uma série de oito álbuns clássicos, que a decisão do norte-americano de se mudar para a
Europa, em 1963, não chegou a
prejudicar.
Nessas gravações, Gordon fez
lembrar (a quem já tinha se esquecido) que seu som encorpado, apoiado em um fraseado
despido de clichês, influenciara
saxofonistas mais jovens, como
John Coltrane e Sonny Rollins,
que lideravam a cena jazzística
da época.
Além de trazer faixas não-incluídas nos discos originais, a
caixa tem também a polêmica
sessão de gravação do álbum
``Landslide''.
Rejeitado por Alfred Lion (o
exigente produtor e dono da
Blue Note), esse disco só chegou
às lojas nos anos 80 e continuava
inédito até hoje em CD.
Errada no caso de ``Landslide'', cujo nível musical não deve
nada ao de outras gravações da
caixa, a ingerência direta de
Lion é flagrada também em uma
deliciosa série de cartas trocadas
entre ele e o saxofonista -reveladas no livreto que acompanha
a edição.
``Não quero música complicada'', exigia o produtor, em 26 de
abril de 1961.
Chegava mesmo a sugerir que
Gordon gravasse ``bons standards em tempo médio'', alguns
blues e uma balada.
Tenha sido ou não por influência de Lion, o certo é que,
com esse tipo de repertório,
Gordon recuperou seu lugar entre os maiores jazzistas de todos
os tempos.
Caixa: Dexter Gordon - The Complete
Blue Note Sixties Sessions (importada)
Lançamento: Blue Note/EMI
Quanto: R$ 120, em média
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