PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

Num ano repleto de efemérides cinematográficas, um dos aniversariantes, apesar de ter influenciado toda uma geração, não terá festa. ``Embalos de Sábado à Noite'' (Saturday Night Fever), que acaba de completar 20 anos, ficou de fora do pacote de relançamentos que inunda as telas dos EUA, mas pode ser considerado um dos filmes símbolo da era disco.
Além de popularizar pelo mundo a discoteca, o filme consagrou duas figuras: John Travolta, que interpretava o ``rei das pistas'' Tony Manero, e o grupo Bee Gees, que completa 30 anos (leia texto abaixo) e teve seu maior sucesso na trilha sonora do filme, com os hits ``Night Fever'', ``Stayin' Alive'' e ``How Deep Is Your Love''.
A história de Tony Manero, o rapaz pobre, de família ítalo-americana e católica, que ganha a vida faturando concursos de dança, fez de Travolta um ídolo. O papel também marcou o início da decadência do ator, até a retomada de sua carreira, via Quentin Tarantino, em ``Pulp Fiction''. Todos os outros atores do filme nunca mais tiveram o que se pode chamar de um grande sucesso. O diretor John Badham, apesar de continuar ativo em Hollywood, também não tem o nome facilmente reconhecível pelas grandes platéias. Além disso, a estética do filme foi por muito tempo sinônimo de cafonice absoluta.
Contra todas essas correntes, ``Embalos de Sábado à Noite'' carrega uma legião de fãs e inspirou e influenciou gente inclusive no Brasil. Vide a novela de Gilberto Braga, Dancyn'days. Até Maurício de Souza fez um gibi protagonizado por um ``Cebolinha-Travolta'', com o indefectível terno branco.

Homenagens
Ao contrário do esquema montado para o megalançamento da edição comemorativa de 20 anos da trilogia ``Guerra nas Estrelas'' (George Lucas), também de 1977, o estúdio Paramount não programou nada para o aniversário de ``Embalos de Sábado à Noite''.
Mas, nos Estados Unidos, algumas homenagens já aconteceram. Uma delas foi a exibição do filme, em seção especial, pela rede VH1, uma espécie de MTV para quem gosta de rock mais antigo e a chamada música easy-listening (fácil de ouvir).
O coreógrafo Lester Wilson, que criou todos os passos de Manero-Travolta, deu entrevista à rede durante a transmissão. Ele conta, por exemplo, que, no roteiro original, Tony Manero não era o ``rei da noite''. O filme seria, sobretudo, a respeito da moda de dançar em fila, fazendo a mesma coreografia, nas discotecas. Mas o coreógrafo, que na época ganhava a vida arrematando prêmios de concurso de dança, teria inspirado Manero.

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