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RELÂMPAGOS
Campos de algodão
JOÃO GILBERTO NOLL
Quando voltei para casa, a
estação mostrava-se confusa. Pés frios, suor vingando.
O médico dizia ser assim
mesmo nos primeiros tempos. Eu me perguntava se
iria além desses primeiros
tempos. Não que me sentisse
mal, a ponto de sucumbir.
Aliás, nunca me sentira tão
imediatamente bem. Tudo
liso em volta, sem aspereza
oculta, sem titubeio, malícia.
Como se pisando em algodão. O fato é que, dessa forma, não podia surpreender
em mim nenhum ato contundente, nenhuma perdição. Não via como aquilo,
assim, pudesse gerar consequência, força de continuidade, franca duração...
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