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Pílulas e sabedoria
VOLTAIRE DE SOUZA
O Brasil ainda é uma nação católica. E não tem nenhum santo nacional. Surge agora uma esperança: o
frei Galvão. Suas pílulas são
poderosas. Papel com orações escritas. Enrolado com
carinho. Engoliu, sarou.
Dona Amália era uma senhora rica. Religiosa. Sofria
de reumatismo. O sobrinho
se chamava Renan. Prestativo. Ficou de arranjar as
pílulas do frei Galvão.
Trouxe um pacotinho. "Engole, titia. Isso cura." Era
cianureto. Morte indolor.
Herança no papo. Cheio da
nota, Renan agora vive na
base do tranquilizante e da
anfetamina. Em terra de
poucos santos e muita dro
ga, o maior sábio é quem
engasga.
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