São Paulo, sexta, 17 de abril de 1998

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MÚSICA
O festival nova-iorquino acontece de 15 a 27 de junho, com shows de João Gilberto, Maria Bethânia e Gal Costa
MPB comanda quatro noites do JVC Jazz

CARLOS CALADO
especial para a Folha

O JVC Jazz Festival -o mais tradicional evento do gênero nos EUA- vai reforçar a ênfase que vem dando, nos últimos anos, à música popular brasileira.
Em sua 26ª edição, que acontece de 15 a 27 de junho, o festival nova-iorquino dobra o número de noites dedicadas à MPB. Desta vez serão quatro concertos, em palcos nobres como o do Carnegie Hall e o do Avery Fisher Hall.
Esse destaque vem acompanhado de pompa e circunstância. Normalmente encabeçado por grandes astros do jazz ou do blues, o primeiro concerto no Carnegie Hall -dia 19 de junho- será estrelado por João Gilberto.
Em princípio, o cantor e compositor vai comemorar os 40 anos da bossa nova, acompanhado apenas por seu violão. No entanto, surpresas e parcerias de última hora não estão descartadas.
"Chegamos a pensar em nomes de convidados, mas o João prefere surpreender a platéia", diz o produtor Hélio Alves, que acaba de assumir a coordenação das noites brasileiras do festival com sua empresa The Brazilian Beat.
Um dia após João Gilberto, será a vez de Maria Bethânia subir ao palco do Carnegie Hall, para apresentar o show "Âmbar/Imitação da Vida". A cantora não se exibe em Nova York há nove anos.
A presença brasileira no JVC Jazz Festival prossegue no dia 23 de junho. Acompanhada por sua banda, Gal Costa comemora 30 anos de carreira fonográfica, no palco do Avery Fisher Hall.
Já na noite seguinte, o concerto "Brazilian Jazz Ensemble" pretende reunir no mesmo Avery Fisher Hall uma seleção de craques da música instrumental brasileira.
Além do violonista e cantor João Bosco, o programa divulgado inicialmente incluiria também Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Toninho Horta e Hélio Delmiro. No entanto, a participação de Hermeto já foi cancelada.
"Infelizmente, eles se anteciparam antes de fecharmos o contrato", disse ontem à Folha Luiz Bueno, produtor do músico alagoano.
Expansão da MPB
Animado com o aumento do interesse pela música popular brasileira nos EUA, André Alves ressalta o fato de os shows brasileiros terem sido os mais disputados durante a última edição do evento nova-iorquino.
"Por isso, sugeri a George Wein, diretor-geral do JVC, que aumentasse o número de concertos. Agora teremos um verdadeiro festival de música brasileira dentro do festival de jazz", comemora.
O conceito de festival dentro do festival foi aplicado também a uma série de concertos na sala Sylvia and Danny Kaye Playhouse, que começa no dia 15 de junho. Graças a essa programação, as já tradicionais 9 noites do JVC Jazz Festival transformaram-se em 13.
Tributos ao pianista Fats Waller (no dia 15), ao compositor Harold Arlen (dia 18) e ao guitarrista Herb Ellis (dia 16), servirão de pretexto para as aparições de vários veteranos do jazz, como os trompetistas Clark Terry e Harry Edison, ou os guitarristas Charlie Byrd, Tal Farlow e o roqueiro Andy Summers.
Outro segmento que também vem ganhando mais espaço no festival é o da música afro-cubana. Como já acontecera em 97, o JVC dedica sua última noite, no Carnegie Hall, a um encontro de medalhões do gênero: a cantora Célia Cruz, o percussionista Tito Puente e o trompetista Arturo Sandoval.
Outras duas noites destacam atrações latinas. No dia 21, Rubén Blades canta no Carnegie Hall. No dia 26, o Hammerstein Ballroom promove o encontro das bandas Los Van Van e Cubanismo.
Já entre as atrações mais jazzísticas, há opções para quase todos os gostos -do concerto da cantora Cassandra Wilson ao show comandado pelo organista Jack McDuff, ambos no dia 23.



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