São Paulo, sexta, 17 de abril de 1998

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"Les Clefs Furtives" brinca com o cotidiano

especial para a Folha

Na programação de dança desta semana em Paris, a brasileira Denise Namura se destaca com o espetáculo "Les Clefs Furtives de Ma Mémoire", que está sendo apresentado pela companhia À Fleur de Peau, fundada por ela e o alemão Michael Bugdahn em 1986.
Prevendo uma temporada no Brasil neste ano, o espetáculo já tem título em português: "As Portas Efêmeras da Minha Memória".
Densa, meticulosa e original, a linguagem do À Fleur de Peau começa a chamar a atenção na França depois do longo processo de pesquisa empreendido por Denise e Bughdam. No Brasil, desde que o À Fleur de Peau começou a fazer temporadas no país, Denise Namura e seu elenco também conquistaram público fiel.
Formada em mímica, dança e teatro, Denise uniu-se a Bughdam, outro artista de múltiplos talentos, para desenvolver uma linguagem que consegue harmonizar vários recursos expressivos.
Com requinte, mas conservando as características artesanais do espetáculo, as criações do À Fleur de Peau se centralizam na poesia do cotidiano e da condição humana. Singeleza e humor permeiam o diálogo equilibrado e instigante que o grupo estabelece entre dança e teatro, e que confere às suas produções o frescor e a consistência dos reais criadores.
Sucesso na Bienal Internacional da Dança de Lyon em 1996, o À Fleur de Peau ganhou nos últimos anos admiradores importantes e exigentes, como a coreógrafa francesa Maguy Marin, que vem oferecendo apoio ao grupo, sempre que possível.
No final do ano passado, por exemplo, Marin convidou o À Fleur de Peau para apresentar uma versão inicial de "Les Clefs Furtives de Ma Mémoire" no novo espaço de criação que a coreógrafa inaugurou em Lyon, e o resultado foi um estrondoso sucesso de público.
Com uma trilha sonora que inclui canções de Angela Maria, "Les Clefs Furtives de Ma Mémoire" reúne seis personagens às voltas com os sonhos que os envolvem, quando estão dormindo ou acordados.
Como os demais espetáculos do grupo, a riqueza de detalhes procura estimular a imaginação e as sensações do público, que acaba se reconhecendo nas fragilidades e conflitos dos personagens.
Num palco rodeado de inúmeros objetos de uso cotidiano, como lencinhos, bolsas de água quente, ventiladores, ursos de pelúcia, televisores, a ação transcorre em meio a recursos que procuram interferir na passagem de um tempo descontínuo, guiado pela imponderabilidade dos sonhos. (AFP)



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