|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Les Clefs Furtives" brinca com o cotidiano
especial para a Folha
Na programação de dança desta
semana em Paris, a brasileira Denise Namura se destaca com o espetáculo "Les Clefs Furtives de Ma
Mémoire", que está sendo apresentado pela companhia À Fleur
de Peau, fundada por ela e o alemão Michael Bugdahn em 1986.
Prevendo uma temporada no
Brasil neste ano, o espetáculo já
tem título em português: "As Portas Efêmeras da Minha Memória".
Densa, meticulosa e original, a
linguagem do À Fleur de Peau começa a chamar a atenção na França depois do longo processo de
pesquisa empreendido por Denise
e Bughdam. No Brasil, desde que o
À Fleur de Peau começou a fazer
temporadas no país, Denise Namura e seu elenco também conquistaram público fiel.
Formada em mímica, dança e
teatro, Denise uniu-se a Bughdam, outro artista de múltiplos talentos, para desenvolver uma linguagem que consegue harmonizar
vários recursos expressivos.
Com requinte, mas conservando
as características artesanais do espetáculo, as criações do À Fleur de
Peau se centralizam na poesia do
cotidiano e da condição humana.
Singeleza e humor permeiam o
diálogo equilibrado e instigante
que o grupo estabelece entre dança e teatro, e que confere às suas
produções o frescor e a consistência dos reais criadores.
Sucesso na Bienal Internacional
da Dança de Lyon em 1996, o À
Fleur de Peau ganhou nos últimos
anos admiradores importantes e
exigentes, como a coreógrafa francesa Maguy Marin, que vem oferecendo apoio ao grupo, sempre que
possível.
No final do ano passado, por
exemplo, Marin convidou o À
Fleur de Peau para apresentar uma
versão inicial de "Les Clefs Furtives de Ma Mémoire" no novo espaço de criação que a coreógrafa
inaugurou em Lyon, e o resultado
foi um estrondoso sucesso de público.
Com uma trilha sonora que inclui canções de Angela Maria, "Les
Clefs Furtives de Ma Mémoire"
reúne seis personagens às voltas
com os sonhos que os envolvem,
quando estão dormindo ou acordados.
Como os demais espetáculos do
grupo, a riqueza de detalhes procura estimular a imaginação e as
sensações do público, que acaba se
reconhecendo nas fragilidades e
conflitos dos personagens.
Num palco rodeado de inúmeros objetos de uso cotidiano, como lencinhos, bolsas de água
quente, ventiladores, ursos de pelúcia, televisores, a ação transcorre em meio a recursos que procuram interferir na passagem de um
tempo descontínuo, guiado pela
imponderabilidade dos sonhos.
(AFP)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|