São Paulo, sexta, 17 de abril de 1998

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ACONTECE NO RIO
Grupo comemora 25 anoscom bonecos

da Sucursal do Rio

Os elementos cênicos utilizados pelo grupo Contadores de Estórias, que estréia hoje o espetáculo "Em Concerto", no teatro Delfin, são simples: bonecos de cerca de 40 cm a 60 cm, atores vestidos totalmente de preto, fazendo manipulação direta dos bonecos, e nada de palavras.
Marcos Ribas, fundador do grupo de teatro de bonecos, junto com sua mulher, Rachel Ribas, disse que demorou muito para perceber, "sem pretensão", o motivo do sucesso do Contadores.
O grupo tem reconhecimento internacional e frequentemente se apresenta em importantes teatros, como a Maison de Culture du Monde, em Paris, e festivais, como o Next Wave Festival de Nova York e o de Nancy (França).
"Misturamos o singelo com o cosmopolita, acho que é isso que encanta o público. Os bonecos são superbrasileiros, mas são mais ainda realistas. Assim, conseguimos ultrapassar o regional para bater no universal. Não há nem a barreira da língua", disse Ribas.
"Em Concerto", que comemora os 25 anos do grupo, completados em 1996, é uma antologia da atual fase do grupo, inaugurada no início dos anos 80, que utiliza bonecos em miniatura e montagens intimistas para adultos.
"Em Concerto" é dividido em sete cenas, retiradas dos espetáculos "Pas de Deux", (82), "Maturando", (87), e "Rodin, Rodin", (92).
Os temas são variados: um velho tocando uma rabeca antiga, mas o som que sai é da "Partita 3 em Mi Maior", de Bach, tocada por Dimitri Sitkovetsky (essa é a única cena que não foi tirada dos espetáculos anteriores), um suicídio, uma índia em momento de reflexão, o flerte engraçado de dois velhinhos, um namoro pré-adolescente, uma cena de rejuvenescimento ou renascimento e um misto de despertar erótico e parto.
"Tudo é feito de forma muito delicada, gostamos de emocionar as pessoas. Falamos para a barriga e não para a cabeça delas."
Assim ele apresenta o espetáculo: "Sinto-me no fim do século errado. Sinto-me no delicioso jardim de Monet, que pintava de dentro de um barco enquanto Rodin, no seu estúdio, beliscava de maneira politicamente incorreta o traseiro de suas modelos e o asmático Proust, na sua janela, estudava interessado e tranquilo as artes e as manhas homossexuais do sr. de Charlus".

Peça: Em Concerto
Grupo: Contadores de Estórias
Onde: Teatro Delfin (r. Humaitá, 275, Humaitá, tel. 021/527-1497)
Quando: sex., às 21h; sáb., às 19h e 21h; dom., às 18h e 20h.
Quanto: R$ 15



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