|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
Programação trará os compositores Philip Glass e Goran Bregovic e um "Hamlet" da Lituânia em cenário sobre gelo
Porto Alegre assume tônica dissonante
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Os compositores Goran Bregovic (bósnio) e Philip Glass (americano) puxam a lista de atrações e
expõem a tônica dissonante da oitava edição do Porto Alegre em
Cena, de 16 a 30 de setembro.
Anunciada anteontem, a programação confirma uma transcendência cada vez maior ao território do teatro. Além da música
de ponta de Bregovic e Glass, o
festival traz, na dança, a coreógrafa alemã Sasha Waltz, co-diretora
artística do teatro Schaubühne,
em Berlim.
Entre as 32 peças da grade (restam a confirmação de mais 15 espetáculos de rua), chama atenção
ainda um "Hamlet" da Lituânia,
com o grupo Meno Fortas, dirigido por Eimuntas Nekrosius. Tudo se passa sobre cenário à base
de gelo. O papel da tragédia de
Shakespeare é interpretado pelo
astro de rock lituano Andrius Mamontavas. É deixa também para
uma analogia com o "Hamlet" da
dupla Diogo Vilela-Marcus Alvisi,
em cartaz no Rio e confirmado na
programação.
O diretor do Porto Alegre em
Cena, Luciano Alabarse, 47, se diz
surpreso com o fato de atrações
internacionais desse naipe cumprirem agenda somente na capital
gaúcha. "É mais fácil fazer parceria para baixo do que para cima",
afirma, citando a dobradinha que
estabelece com o Festival Internacional de Teatro de Buenos Aires.
Em tempo: Bregovic, autor de
trilhas para filmes do conterrâneo
Emir Kusturica ("Underground"), apresentou-se em São
Paulo na última edição do Festival
Internacional de Artes Cênicas
(Fiac), em 1999, e volta com "Concerto para Casamentos e Funerais", evocando rituais em que se
canta, dança e toca, como os povos ciganos do Leste Europeu.
Já o minimalista Glass traz
"Drácula - Philip on Film", concerto multimídia no qual celebra
25 anos de composições para cinema. Segundo o músico, trata-se
de um registro de teatro-ópera sobre o clássico "Drácula" (1931), de
Tod Browning, protagonizado
por Bela Lugosi.
Apesar de ampliar o filão estrangeiro, o festival não abandona
o eixo regional do Mercosul, como fez desde a primeira edição.
Estão confirmadas seis montagens uruguaias (entre elas, "Saludenló", com texto e direção de
Adriana Lagomarsino) e quatro
argentinas (em "Cuerpos Abanderados", a autora e diretora Beatriz Catani coloca três mulheres
em cena, um homem-objeto como cadáver e um rato).
A participação brasileira soma
14 peças, só uma delas como estréia: "Ricardo 3º", de Shakespeare, produção paulista dirigida por
Roberto Lage. Há encenadores
que despontaram na cena paulista no final dos 90, como Sérgio
Ferrara, que leva duas montagens
("Abajur Lilás", de Plínio Marcos,
e "Pobre Super-Homem", de
Brad Fraser), Cibele Forjaz ("Toda Nudez Será Castigada", de Nelson Rodrigues) e Mário Bortolotto ("Nossa Vida Não Vale um
Chevrolet", do próprio).
O grupo mineiro Galpão encena
sua montagem mais recente, "Um
Trem Chamado Desejo". Brasília
ganha espaço com "Álbum Wilde", dirigida por Hugo Rodas. O
teatro de bonecos é representado
pelo grupo Sobrevento, do Rio,
com "Sangue Bom", dirigido por
Miguel Vellinho.
Duas peças vêm da "vitrine"
Fringe, a mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba: o monólogo baiano "Francisco", dirigido por Nadja Turenko, e a comédia carioca "Barbara Não lhe
Adora", por Henrique Tavares.
O festival ocupará 14 espaços da
cidade e, estima a organização,
atrairá cerca de 100 mil espectadores. O orçamento é de R$ 1,7
milhão (R$ 460 mil da prefeitura
mais patrocínio da Petrobras, Nokia e CRT Brasil Telecom).
Os ingressos também podem
ser comprados pela internet. Informações no site www.portoale
gre.rs.gov.br/poaemcena.
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do festival
Texto Anterior: Artes plásticas: Guignard mantém "fôlego" em leilão Próximo Texto: Panorâmica - Sala São Paulo: Cegos terão ingressos gratuitos Índice
|