|
Texto Anterior | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Mostra com 16 artistas que trabalham com linguagem fotográfica inaugura o espaço Vermelho, em SP
Nova galeria vira casa da fotografia-arte
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tem tinta fresca no circuito das
artes plásticas brasileiras. São
Paulo ganha, a partir de hoje, um
novo e ambicioso espaço dedicado apenas à produção artística
contemporânea.
Galeria Vermelho é seu nome.
Um vermelho que não se vê nas
paredes brancas, projetadas pelo
arquiteto maiúsculo Paulo Mendes da Rocha.
Vermelho é cor das bandeiras
soviética ou nazista, de grandes e
radicais transformações. E é mudança o que propõe o espaço de
Eduardo Brandão e Eliana Finkelstein. A começar pelo lado de
fora de suas paredes brancas.
Vermelho será a primeira galeria brasileira pensada para ser dupla-face, como um casaco que
também se pode vestir do avesso.
Espécie de grande cubo branco,
a galeria permite que se exponha
nos dois andares do seu interior
ou na sua generosa superfície externa. Isso já poderá ser visto hoje,
na abertura da mostra coletiva de
16 artistas que inaugura o espaço.
E é aí, na escalação do time de
artistas, que está retratado com
mais clareza o anseio de renovação da galeria.
Vermelho também é a cor da luz
que se usa nos laboratórios fotográficos, no momento delicado de
manipulação do filme. E Vermelho, a galeria, reivindica o status
de um laboratório da criação artística feita sobretudo à partir da
linguagem fotográfica.
É o que revelam os trabalhos
dos 20 artistas que serão representados inicialmente por Vermelho, que poderiam, para efeitos
ilustrativos, ser divididos em dois
grupos.
Nomes como Cassio Vasconcellos, Cláudia Jaguaribe, Eustáquio
Neves, Paula Trope ou Cris Bierrenbach, que passam a integrar o
"casting" de Vermelho, surgiram
com força no cenário do final dos
anos 80 e começo dos 90, seguindo um rastro então não muito visível no país, da criação artística
com técnicas fotográficas -picada que começou a ser aberta por
nomes como Geraldo de Barros
nos primeiros anos 50.
Essa geração, da qual fazia parte
ainda Rosângela Rennó (um dos
poucos destaques dessa linguagem que não é "vermelha"), conquistou um bom espaço no circuito, mas nunca um espaço só.
A esse grupo vem se juntar, em
meados dos anos 90, uma nova e
poderosa safra de artistas jovens.
Amilcar Packer, Rafael Assef,
Edouard Fraipont e Rogério Canella são alguns dos que vêm se
projetando nos últimos anos como expoentes da fotografia-arte
ou arte fotográfica, habitat natural de Vermelho.
Técnicas contíguas, como a videoarte (para a qual a galeria tem
um ambiente específico, uma "câmara escura") ou a performance,
também são bem-vindos na galeria instalada em uma vila próxima
à agitada avenida Dr. Arnaldo.
Aliás, a idéia é que todos sejam
bem-vindos. "Um dos objetivos
centrais da galeria é o de ser um
espaço público de reflexão sobre
arte", diz Eduardo Brandão, fotógrafo, professor da Faap e editor
de fotografia da Revista da Folha.
Pensando nisso, ele levou parte
de sua biblioteca, especializada
em fotografia, para que seja consultada pelos visitantes da galeria
e pelos seus alunos -ele também
promove cursos no espaço.
GALERIA VERMELHO (coletiva de
inauguração -além dos já citados, tem
obras de Eliana Bordin, Domitilia Coelho,
Paulo d'Alessandro, Cristina Guerra,
Odires Mlászho, Alexandra Pescuma e
Marcelo Zocchio) - Onde: r. Minas Gerais,
350, tel. 0/xx/11/ 3257-2033. Quando:
hoje, às 20h (música com DJ Renato
Cohen); ter. a sex., das 10h às 19h; sáb.,
das 10h às 17h. Até 22/6. Preços das
obras: de R$ 1.500 a R$ 5.500
Texto Anterior: Carlos Heitor Cony: Notícia da terrível batalha entre garruchas e punhais Índice
|