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POLÍTICA
Série desperdiça chance de explicar o país
DA REPORTAGEM LOCAL
De um documentário histórico,
sobretudo quando o período de
que trata são as últimas décadas
do século 20, se espera, no mínimo, que seja apoiado por registros de imagens de época que, de
alguma forma, nos indicam que o
passado realmente aconteceu.
Desprezá-las em detrimento de
longos e, às vezes, anacrônicos depoimentos é o grande defeito de
"Histórias do Poder", série sobre
política brasileira que passa a ser
exibido hoje, em cinco episódios.
A reportagem é do jornalista
Florestan Fernandes Jr., com consultoria da professora da USP Maria Aparecida de Aquino e do jornalista Alberto Dines. A direção,
de Max Alvim e Nelma Salomão.
O primeiro episódio, dedicado
principalmente ao período da
campanha pelas Diretas-Já e o início da democratização é o mais
interessante, pois expõe bastidores das eleições indiretas e da consolidação dos principais partidos.
É nítida a preocupação de colher entrevistas de diferentes personagens. Há políticos de diversas
filiações ideológicas e partidárias,
militares, membros da Igreja, artistas, intelectuais, ainda que a
opinião dos consultores fique clara como o fio condutor da série.
O fato de a maioria dos testemunhos terem sido gravados em
2000 torna o documentário datado. Por outro lado, é curioso ver
cenas como a do então pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva falando com ênfase e
olhar firme para a câmera (como
há tempos já não vemos) sobre
como a sociedade deveria reagir
frente à corrupção. "Não adianta
ficar falando que todo mundo é
ladrão", diz. "Ou nós, na hora em
que a coisa começar a ficar do jeito que está, com todo mundo envolvido com corrupção, assumimos a responsabilidade de que só
nós podemos mudar ou, definitivamente, não tem jeito no Brasil".
Não é o melhor dos documentários sobre nosso passado recente,
mas, pelo menos, refresca a memória e dialoga, às vezes de forma
irônica, com o presente.
(SYLVIA COLOMBO)
Histórias do Poder
Quando: hoje, às 23h30, no SescTV
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