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Ópera de Puccini ganha seis récitas, com regência de Isaac Karabtchevsky, a partir de amanhã no teatro Alfa Real, em São Paulo
Camurati expõe culturas em choque em "Madama Butterfly"
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
O teatro Alfa Real fará amanhã a
primeira das seis récitas de sua
produção de "Madama Butterfly",
ópera em três atos do compositor
Giacomo Puccini (1858-1924), que
terá regência do maestro Isaac Karabtchevsky e direção cênica de
Carla Camurati.
Butterfly é o
cognome da gueixa Cio-Cio-San,
que rompe com a
família e as tradições ancestrais
para se casar com
o oficial norte-americano B. F.
Pinkerton.
Mas, enquanto
ela acredita envolver-se numa
união duradoura,
ele a vive como
uma leviana aventura, após a qual
desaparece, sem
saber que da
união nascerá um
filho.
De volta ao Japão, anos depois,
Pinkerton pede a
criança, que ela
entrega, para em
seguida suicidar-se, seguindo a recomendação da
cultura ancestral
em caso de de-
sonra.
Carla Camurati
-cineasta do filme "Carlota Joaquina - Princesa
do Brazil" (1995) e
diretora lírica de
"La Serva Padrona", de Giovanne
Batista Pergolesi- não situa a cena no Japão do
início do século, conforme prescrição dos libretistas Giuseppe Giacosa e Luigi Ilicca.
Optou por um encontro atemporal entre as culturas em conflito
-a japonesa e a norte-americana-, capazes de abrigar "uma tragédia amorosa que pode acontecer
em qualquer época".
Karabtchevsky regerá a sexta
produção dessa ópera. A sétima
será produzida este ano em Tóquio, com direção cênica de Bob
Wilson.
Ele acredita que a partitura da
"Butterfly" traz um Puccini mais
como continuador da tradição da
produção tardia de Giuseppe Verdi do que como músico em ruptura
com o compositor.
"Um elabora o que o outro deixou em suspenso, aplicando uma
cor harmônica especial, que a orquestra exprime para cada um dos
personagens que constituem o
drama", diz.
Sutileza
Trata-se de uma partitura em
que a orquestra se mantém em
constante intensidade lírica. Ela é
premonitória, anunciando a infelicidade que se esconde por detrás
da felicidade aparente do suposto
casal.
A música de Giacomo Puccini é
de uma extrema sutileza, descritiva, preenchendo com uma sonoridade evocativa os espaços abertos
pela lentidão com que se desenrola
o enredo.
O Alfa Real gastou R$ 580 mil na
produção. A Secretaria Municipal
da Cultura é co-produtora do espetáculo, cedendo dois dos corpos
estáveis do Teatro Municipal: a
OSM (Orquestra Sinfônica Municipal) e o Coral Lírico.
Intercalam-se no papel de Butterfly as sopranos Gitta-Maria Sjoberg, sueca, e Eiko Senda, japonesa, radicada no Brasil.
Suzuki, governanta da gueixa,
será interpretada em todas as récitas por Céline Imbert, que há 11
anos participou, no papel-título,
de uma "Madama Butterfly" que a
consagrou.
B. F. Pinkerton será interpretado
por Juremir Vieira e Marcelo Vannucci. Sharpless, por Luiz Oréfice,
e Bonzo, por Pepes do Valle.
Ópera: Madama Butterfly, de Puccini
Regência: Isaac Karabtchevsky
Direção cênica: Carla Camurati
Onde: teatro Alfa Real (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, zona sul, tel. 011/5693-4000)
Quando: amanhã, quarta, sexta, sábado e 29 de maio (sábado), às 20h30, e domingo, dia 23, às 17h
Quanto: R$ 80 e R$ 120
Patrocinadores: teatro Alfa Real e Secretaria Municipal da Cultura
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