São Paulo, Segunda-feira, 17 de Maio de 1999
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Ópera de Puccini ganha seis récitas, com regência de Isaac Karabtchevsky, a partir de amanhã no teatro Alfa Real, em São Paulo
Camurati expõe culturas em choque em "Madama Butterfly"

JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local

O teatro Alfa Real fará amanhã a primeira das seis récitas de sua produção de "Madama Butterfly", ópera em três atos do compositor Giacomo Puccini (1858-1924), que terá regência do maestro Isaac Karabtchevsky e direção cênica de Carla Camurati.
Butterfly é o cognome da gueixa Cio-Cio-San, que rompe com a família e as tradições ancestrais para se casar com o oficial norte-americano B. F. Pinkerton.
Mas, enquanto ela acredita envolver-se numa união duradoura, ele a vive como uma leviana aventura, após a qual desaparece, sem saber que da união nascerá um filho.
De volta ao Japão, anos depois, Pinkerton pede a criança, que ela entrega, para em seguida suicidar-se, seguindo a recomendação da cultura ancestral em caso de de- sonra.
Carla Camurati -cineasta do filme "Carlota Joaquina - Princesa do Brazil" (1995) e diretora lírica de "La Serva Padrona", de Giovanne Batista Pergolesi- não situa a cena no Japão do início do século, conforme prescrição dos libretistas Giuseppe Giacosa e Luigi Ilicca.
Optou por um encontro atemporal entre as culturas em conflito -a japonesa e a norte-americana-, capazes de abrigar "uma tragédia amorosa que pode acontecer em qualquer época".
Karabtchevsky regerá a sexta produção dessa ópera. A sétima será produzida este ano em Tóquio, com direção cênica de Bob Wilson.
Ele acredita que a partitura da "Butterfly" traz um Puccini mais como continuador da tradição da produção tardia de Giuseppe Verdi do que como músico em ruptura com o compositor.
"Um elabora o que o outro deixou em suspenso, aplicando uma cor harmônica especial, que a orquestra exprime para cada um dos personagens que constituem o drama", diz.

Sutileza
Trata-se de uma partitura em que a orquestra se mantém em constante intensidade lírica. Ela é premonitória, anunciando a infelicidade que se esconde por detrás da felicidade aparente do suposto casal.
A música de Giacomo Puccini é de uma extrema sutileza, descritiva, preenchendo com uma sonoridade evocativa os espaços abertos pela lentidão com que se desenrola o enredo.
O Alfa Real gastou R$ 580 mil na produção. A Secretaria Municipal da Cultura é co-produtora do espetáculo, cedendo dois dos corpos estáveis do Teatro Municipal: a OSM (Orquestra Sinfônica Municipal) e o Coral Lírico.
Intercalam-se no papel de Butterfly as sopranos Gitta-Maria Sjoberg, sueca, e Eiko Senda, japonesa, radicada no Brasil.
Suzuki, governanta da gueixa, será interpretada em todas as récitas por Céline Imbert, que há 11 anos participou, no papel-título, de uma "Madama Butterfly" que a consagrou.
B. F. Pinkerton será interpretado por Juremir Vieira e Marcelo Vannucci. Sharpless, por Luiz Oréfice, e Bonzo, por Pepes do Valle.


Ópera: Madama Butterfly, de Puccini
Regência: Isaac Karabtchevsky
Direção cênica: Carla Camurati
Onde: teatro Alfa Real (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, zona sul, tel. 011/5693-4000)
Quando: amanhã, quarta, sexta, sábado e 29 de maio (sábado), às 20h30, e domingo, dia 23, às 17h
Quanto: R$ 80 e R$ 120
Patrocinadores: teatro Alfa Real e Secretaria Municipal da Cultura




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