São Paulo, Segunda-feira, 17 de Maio de 1999
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Sueca varia repertório

da Reportagem Local

A sueca Gitta-Maria Sjoberg, 40, primeiro-soprano da Academia Real de Ópera de Copenhague (Dinamarca), já interpretou o personagem Butterfly em cinco produções e está trabalhando este ano num repertório variado, que vai de Puccini a Wagner, passando por Mozart. A seguir, trechos de entrevista à Folha. (JBN)

Folha - De quantas produções de Butterfly a sra. já participou?
Gitta-Maria Sjoberg -
De cinco produções, com aproximadamente 45 récitas.
Folha - Qual a sua opinião sobre esse personagem?
Sjoberg -
Ela é uma mulher bastante complexa. Não é apenas uma vítima indefesa. É alguém hipersensível, mas também capaz de abandonar sua religião original para se tornar uma norte-americana que ela, afinal, não se tornou. Essa tentativa de mudança se dá também como uma forma de ascensão social.
Folha - Ela rompe todos os vínculos com sua cultura...
Sjoberg -
Exatamente. E, ao ser abandonada, provavelmente percebe que escolheu a ponte incorreta para fazer a travessia em direção a essa outra cultura, o que é uma das dimensões de sua tragédia. A história é bastante atual.
Folha - Puccini escolhe um norte-americano para ser o personagem antipático, "do mau". Isso politizaria essa ópera?
Sjoberg -
De fato, existiu um Pinkerton na Escócia, um construtor de navios. Era escocês, e não norte-americano. Ele se casou com uma japonesa de Nagasaki e tirou depois o filho dela. Foi provavelmente a partir desse episódio que foi escrita a peça de teatro na qual Puccini se inspirou.
Folha - A sra. cantou recentemente a primeira versão que Puccini fez para "Butterfly", não é?
Sjoberg -
É verdade. A ópera é bem diferente. Pinkerton é um papel bem menor. Kate Pinkerton, sua mulher norte-americana, não é um papel mudo. É uma ópera muito mais longa do que sua versão mais célebre e revisada.
Folha - Que outros papéis a sra. tem cantado e cantará?
Sjoberg -
Estou com uma agenda bastante carregada. Nos últimos meses, fiz "La Bohème" e "Butterfly" em Bonn. Irei proximamente para a Finlândia, onde farei concertos de câmara. Tenho também "As Valquírias", de Wagner, como Sieglinde. Em seguida, farei na Dinamarca a Condessa, nas "Bodas de Fígaro", de Mozart. Cantarei ainda uma "Tosca" nos Estados Unidos.


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