|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sueca varia repertório
da Reportagem Local
A sueca Gitta-Maria Sjoberg, 40,
primeiro-soprano da Academia
Real de Ópera de Copenhague (Dinamarca), já interpretou o personagem Butterfly em cinco produções e está trabalhando este ano
num repertório variado, que vai de
Puccini a Wagner, passando por
Mozart. A seguir, trechos de entrevista à Folha.
(JBN)
Folha - De quantas produções de
Butterfly a sra. já participou?
Gitta-Maria Sjoberg - De cinco
produções, com aproximadamente 45 récitas.
Folha - Qual a sua opinião sobre
esse personagem?
Sjoberg - Ela é uma mulher bastante complexa. Não é apenas uma
vítima indefesa. É alguém hipersensível, mas também capaz de
abandonar sua religião original
para se tornar uma norte-americana que ela, afinal, não se tornou.
Essa tentativa de mudança se dá
também como uma forma de ascensão social.
Folha - Ela rompe todos os vínculos com sua cultura...
Sjoberg - Exatamente. E, ao ser
abandonada, provavelmente percebe que escolheu a ponte incorreta para fazer a travessia em direção
a essa outra cultura, o que é uma
das dimensões de sua tragédia. A
história é bastante atual.
Folha - Puccini escolhe um norte-americano para ser o personagem
antipático, "do mau". Isso politizaria essa ópera?
Sjoberg - De fato, existiu um Pinkerton na Escócia, um construtor
de navios. Era escocês, e não norte-americano. Ele se casou com uma
japonesa de Nagasaki e tirou depois o filho dela. Foi provavelmente a partir desse episódio que foi
escrita a peça de teatro na qual
Puccini se inspirou.
Folha - A sra. cantou recentemente a primeira versão que Puccini fez para "Butterfly", não é?
Sjoberg - É verdade. A ópera é
bem diferente. Pinkerton é um papel bem menor. Kate Pinkerton,
sua mulher norte-americana, não
é um papel mudo. É uma ópera
muito mais longa do que sua versão mais célebre e revisada.
Folha - Que outros papéis a sra.
tem cantado e cantará?
Sjoberg - Estou com uma agenda
bastante carregada. Nos últimos
meses, fiz "La Bohème" e "Butterfly" em Bonn. Irei proximamente para a Finlândia, onde farei
concertos de câmara. Tenho também "As Valquírias", de Wagner,
como Sieglinde. Em seguida, farei
na Dinamarca a Condessa, nas
"Bodas de Fígaro", de Mozart.
Cantarei ainda uma "Tosca" nos
Estados Unidos.
Texto Anterior: Camurati expõe culturas em choque em "Madama Butterfly" Próximo Texto: Japonesa mora no Brasil Índice
|