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POLÍTICA CULTURAL
Três secretários do Confaz não assinam documento de reforma
Leis estaduais perdem apoio
ISRAEL DO VALE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A ameaça representada pela reforma fiscal ao sistema de financiamento à cultura baseado em renúncia do ICMS começa a se
materializar. O novo revés é um
retrocesso na posição de três dos
27 secretários estaduais da Fazenda que formam o Confaz, o Conselho Nacional de Política Fazendária, que até há duas semanas se
posicionava em favor de alterações no projeto do governo em
tramitação no Congresso.
A informação foi dada pelo secretário baiano, Albérico Mascarenhas, coordenador do Confaz.
As propostas de mudança perdem o apoio institucional do conselho -que só defende publicamente questões consensuais. Sem
unanimidade, o impacto na área
cultural foi excluído das sugestões
de retoques na lei apresentadas à
Câmara na última quarta pelo
Confaz.
Isso não impede que elas sejam
encaminhadas. O prejuízo é contabilizado no peso político do jogo de forças por mudanças no
projeto, formulado pelo Executivo. "Não podemos apresentá-las
em nome do Confaz, mas sim em
nome dos signatários individuais", diz Mascarenhas.
A divergência, segundo ele, é
"filosófica". "Eles são contrários a
qualquer tipo de incentivo, não só
o cultural", diz. "São Estados com
problemas de caixa, que preferem
não ter lei a renunciar a uma parte
da receita." Considerando-se as
projeções para 2003, as leis estaduais de incentivo à Cultura injetam até R$ 166 milhões anuais na
produção cultural do país.
"Procurei o deputado Luiz Carreira (PFL-BA) e ele se interessou
em apresentar nossas sugestões
como emenda." Segundo Mascarenhas, os secretários da Fazenda
favoráveis à questão mobilizam-se pela sensibilização de deputados para que a emenda seja acatada na comissão: é necessário a assinatura de 171 deputados.
O relator da comissão especial é
o deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG). A comissão é a última
etapa antes de o projeto seguir para votação na Câmara e no Senado. Se passar como está, as leis de
incentivo estaduais existentes serão progressivamente extintas.
Segundo o secretário baiano, o
fim do incentivo cultural representaria uma perda inicial, no seu
Estado, de pelo menos 40% dos
recursos gerados pela lei de renúncia fiscal estadual -ou algo
em torno de R$ 5 milhões, pelos
números de 2003. Esse valor corresponde ao que a iniciativa privada deixaria de investir.
"Por mais que sejamos favoráveis à lei, é muito difícil pensar em
extrair verba do governo para a
cultura", diz. "O orçamento do
Estado é muito amarrado; 90%
das receitas estão comprometidas
com vinculações prévias."
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