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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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CINEMA

Ciclo gratuito em São Paulo reúne quatro longas do diretor de "Lúcia e o Sexo" e curtas de novos autores espanhóis

Julio Medem se mostra em retrato 4x4

Divulgação
Najwa Nimri (à dir.), em cena de "Os Amantes do Círculo Polar", um dos quatro longas de Julio Medem exibidos em mostra em SP


DA REPORTAGEM LOCAL

No início dos anos 90, a medicina perdeu Julio Medem, 44, para o cinema. O sucesso de seu primeiro longa, "Vacas" (1991), impulsionou o cirurgião a transformar a atividade de diretor cinematográfico, que exercia bissextamente e apenas em curtas-metragens, em sua nova profissão.
Um panorama da carreira que Medem construiu de lá para cá é o que propõe a mostra "O Cinema de Julio Medem", apresentada de hoje até o próximo dia 22, no Centro Cultural São Paulo, com sessões gratuitas.
Dos cinco longas assinados por Medem, apenas um ficou fora da mostra -"La Ardilla Roja" (O Esquilo Vermelho), de 1993, primeiro na sequência de "Vacas". A ausência, de acordo com o Instituto Cervantes, organizador da programação, deve-se à impossibilidade de obter cópia do filme para esse período.
Os demais filmes do cineasta -"Terra" (1995), "Os Amantes do Círculo Polar" (1998) e "Lúcia e o Sexo" (2001)- terão exibições precedidas por curtas-metragens de outros autores espanhóis, numa tentativa de familiarizar o espectador com nomes atuais dessa cinematografia, além do óbvio Pedro Almodóvar.
Enquanto "Vacas" e "Terra" estão referenciados no País Basco -onde o diretor nasceu- e nos temas da origem e da família, "Os Amantes do Círculo Polar" e "Lúcia e o Sexo" formam quebra-cabeças afetivos e valeram a Medem o reconhecimento internacional.
Um período de seis décadas (1875-1936) é o pano de fundo histórico de "Vacas", em que a vizinhança de duas famílias de camponeses dá origem a um ciclo de ódios, paixões e loucuras pessoais que se sucedem por gerações e cujos reflexos aparecem no trato com os animas, as vacas do título.
"Terra" usa o argumento da chegada de um estranho a uma cidadezinha, com uma missão que será apenas pretexto para transformar o cotidiano do lugar.
Assim, um homem que vem erradicar uma praga na lavoura envolve-se com duas mulheres da cidade e chacoalha suas vidas familiares e as noções de amor e traição.
Com "Os Amantes do Círculo Polar", Medem intensifica seu gosto pela estrutura de histórias contadas em paralelo, com acasos que provocam reviravoltas na trama e recheadas de referências místicas.
Os amantes em questão conhecem-se desde a infância e estão prestes a se encontrar no Círculo Polar Ártico, o que é ocasião para que revejam a história das próprias vidas -juntos e sós.
"Lúcia e o Sexo" é também um filme sobre as formas de amar e desamar, investigadas através do romance da protagonista com um escritor e dos envolvimentos dele (anteriores, simultâneos e posteriores -daí o quebra-cabeças) com mulheres e realidades paralelas à de Lúcia.
A obra de Medem evidencia uma geração ascendente de atores espanhóis: Najwa Nimri (Ana, de "Os Amantes do Círculo Polar"), Paz Vega (Lúcia, de "Lúcia e o Sexo") e Tristán Ulloa (Lorenzo, em "Lúcia e o Sexo").
Nimri foi revelada por Alejandro Amenábar, em "Abre los Ojos". Depois de Medem, Vega filmou com Almodóvar ("Fale com Ela") e estrela "Carmem", de Vicente Aranda. Ulloa fez quatro outros longas, incluindo "Volverás", de Antonio Chavarrías, que lhe deu prêmios de interpretação.

O CINEMA DE JULIO MEDEM. Mostra de filmes do diretor espanhol. Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/ 3277-3611). Quando: de hoje a 22/6. Quanto: grátis.


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