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RELÂMPAGOS
Grêmio
JOÃO GILBERTO NOLL
Quando minha mãe morreu, eu acordava em Florianópolis. Na rodoviária de
Porto Alegre pedi ao taxista
que me levasse depressa. A
viagem atrasara. Ele disse
que, como o cemitério ficava
perto do campo do Grêmio e
tinha jogo naquela noite, o
trânsito não estaria fácil.
Passamos pelo clarão do estádio. O motorista ostentava
quase um desconsolo, embora eu não tivesse confessado
a qualidade íntima do velório. O padre soube observar
meu suor. Horas depois forcei a chave para entrar no
apartamento dela. Por que
não tentar desde logo o que
eu não ousara formular até
ali? Virei-me. O cão rosnava.
Preparava sua fúria para me
atacar.
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