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Festival de São José do Rio Preto encampa produção paulista
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
À parte o pensamento da curadoria, voltada nesta edição para
projetos de países chamados periféricos, a programação do 3º Festival Internacional de Teatro de
São José do Rio Preto, no interior
de São Paulo, quer escapar, ela
também, de amarras.
Entre convidados e selecionados, os espetáculos nacionais configuram um painel representativo
da cena contemporânea do país,
sobretudo a paulista (há peças do
RJ, RS, PR e de SC). Predominam
pesquisas mais experimentais ou
alternativas, definições que muitos criadores rejeitam.
Hoje à noite, por exemplo,
quem protagoniza a abertura à
beira da represa municipal de Rio
Preto (a 451 km de São Paulo), como nos anos anteriores, são alunos do Centro Experimental de
Música (CEM), do Sesc Consolação. Eles vão cantar e tocar no
musical "24 Óperas por Dia: Óperas-Minuto, Óperas-Clip", encabeçado pelo compositor Lívio
Tragtenberg e pelo performer
multimídia Otavio Donasci, que
usará suas videocriaturas.
O festival também expõe gerações. Num mesmo teatro, por
exemplo, será possível assistir ao
"Prêt-à-Porter 5", coordenado
por Antunes Filho, do CPT do
Sesc Consolação, que apregoa
quebras de paradigmas na interpretação e na dramaturgia (os
atores assumem tudo), e também
a uma minimostra do Cemitério
de Automóveis, o grupo de Mário
Bortolotto, caracterizado por
uma produção compulsiva e assumidamente urbana e marginal.
O curador do festival, Ricardo
Muniz Fernandes, se entusiasma
com esse tipo de "estranhamento". Lembra que Rio Preto será o
primeiro festival a encampar a trilogia bíblica integral do Teatro da
Vertigem ("O Paraíso Perdido",
numa igreja; "O Livro de Jó", num
hospital; e "Apocalipse 1,11", numa cadeia).
Outra peculiaridade é a participação do grupo Oficina, dirigido
por José Celso Martinez Corrêa. O
projeto de "Os Sertões", que já teve leituras ou ensaios abertos em
2001 e 2002, volta a Rio Preto para
a segunda parte, "O Homem". Será a céu aberto, num estacionamento adaptado como se fosse o
"corredor" do Oficina.
Ainda da cena paulistana, participam os grupos Parlapatões ("As
Nuvens e/ou um Deu$ Chamado
Dinheiro"), Folias d'Arte ("Babilônia"), Círculo de Comediantes
("O Beijo no Asfalto") e Ventoforte ("As Quatro Chaves"). De
Campinas, há o Lume ("Café com
Queijo"). Do Rio, o grupo Teatro
do Pequeno Gesto leva uma tragédia, "Medéia", e um infantil, "A
Rua dos Cataventos". O Pequeno
Gesto edita, desde 98, a revista
"Folhetim", dedicada à teoria e ao
pensamento teatral.
Também do Rio de Janeiro está
programado o espetáculo "Os Sete Afluentes do Rio Ota", dirigido
por Monique Gardenberg, com
duas sessões seguidas no último
dia do festival, dia 27. Detalhe: cada sessão de "Os Sete Afluentes"
dura em média cinco horas. Será
um "tour de force" para elenco e
equipe técnica.
3º FESTIVAL INTERNACIONAL DE
TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
- de hoje a 27/7. Quanto: R$ 10, R$ 5 ou
entrada franca (a maioria dos ingressos
está esgotada). Mais informações pelo
tel. 0/xx/17/3215-1830. Veja a
programação completa em
www.folha.com.br/especial/2003/festivalriopreto. Co-patrocinador:
Petrobras.
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