São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Em "Cordélia Brasil", Maria Padilha interpreta prostituta

DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Em "Cordélia Brasil", remontagem do texto sessentista de Antônio Bivar que faz sua estréia nacional hoje, no festival de Rio Preto, Maria Padilha encarna uma auxiliar de escritório que decide se prostituir para bancar o sonho do marido de ser quadrinista - e, lá pelas tantas, vive uma crise de identidade.
"A Cordélia vê que não é bem uma "biscate", nem bem uma auxiliar, nem bem uma dona-de-casa. Não é nada. Isso fala muito ao povo brasileiro, à informalidade e à indefinição reinantes por aqui. Ser brasileiro tem uma certa graça, mas é cansativo", observa a atriz.
"[Essa hesitação] É algo que está na fundação da nossa sociedade. Ainda tentamos construir as nossas liberdade e democracia. A ditadura econômica foi e é tão forte que a maioria da população nem percebeu que houve ditadura militar."
Padilha conta que vislumbrou no texto "uma falta de pretensão que acaba se traduzindo numa imensa liberdade com o fazer teatral". "Às vezes, sinto que a dramaturgia brasileira é um pouco amarrada. No Bivar, o teatro se impõe à teoria, à categorização."
Para o diretor Gilberto Gawronski (de "Por Uma Vida Um Pouco Menos Ordinária"), as artimanhas de Cordélia mantêm o frescor porque flagram "uma revolução de comportamento que ainda não foi completamente assimilada": "A revolução sexual que acontece em 68 e aponta para a inversão de papéis e a busca de formas fora da instituição para os relacionamentos parece passar por um retrocesso hoje". A peça cumpre temporada no Sesc Paulista, em São Paulo, a partir da semana que vem. (LN)


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