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CRÍTICA DRAMA
Em "Antes", grupo discute proposta do festival que abriu
CHRISTIANE RIERA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO
JOSÉ DO RIO PRETO
O curador do Festival Internacional de Teatro de São
José do Rio Preto, Roberto Alvim, tem como objetivo divulgar espetáculos inovadores nesta décima edição.
Sob a direção de Paulo Moraes, a Cia. Armazém de Teatro do Rio de Janeiro abriu o
festival sintonizada a esta
proposta ao colocar o próprio
teatro no centro do debate.
À beira de uma represa,
"Antes" apresenta um teatro
abandonado como foco do
drama. Paredes gigantescas
em ruínas e um piano náufrago na areia, que ocupa todo o
palco, parecem resistir à
ameaça de destruição.
Ao som de uma respiração
ritmada, um velho ator morto, o Espectro, renasce pulsando de dentro deste piano.
Força contrária ao abandono
do teatro, este mago poderoso insufla vida ao cenário de
desolamento com memórias
que envolvem histórias de
três núcleos dramáticos.
Um ator angustiado agora
sente sua "máscara desajeitada na cara". Abandonada
por seu amante, uma cantora
perde sua bravura artística.
Dois irmãos apaixonados são
impossibilitados de viver um
grande amor.
Todos compartilham de
emoções em estado limítrofe
e têm como missão passar
por algum tipo de renovação.
Como os dilemas são proferidos grande parte em solilóquios, ora ou outra atolam-se em pouca visualidade,
deixando-se abafar pela
grandeza do cenário.
Há, porém, explosões teatrais. A montagem cresce
com uma troca erótica e cômica em um cemitério. Os irmãos escalam as altas paredes, cujo topo é cenário de
bela despedida entre eles.
Uma orquestração de "I
Am the Walrus" acompanha
as palavras de Shakespeare
no epílogo de "A Tempestade": "Somos feitos da mesma
matéria dos sonhos".
Enevoado pelo conflito entre memórias do passado e o
presente do teatro, o público
se dissipa pela noite de Rio
Preto com esperança renovada em sua prosperidade.
ANTES
AVALIAÇÃO bom
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