São Paulo, sábado, 17 de julho de 2010

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EUA buscam best-sellers no exterior

Depois do sucesso do sueco Stieg Larsson, editoras americanas caçam novos autores estrangeiros de mistério

Primeira "onda" veio da Escandinávia; locais como Nigéria, Japão e China entram na busca por potenciais hits


CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O sueco Stieg Larsson, autor da trilogia "Millennium", fez mais do que vender 40 milhões de livros: ele abriu as portas das editoras americanas a escritores de mistério estrangeiros.
Se antes as editoras evitavam obras traduzidas para o inglês, elas agora concorrem por autores do Japão, da Nigéria, da Mongólia, da China e de onde mais puder surgir o "próximo Larsson".
É que a sua série chegou ao fim -o último livro, "A Rainha do Castelo de Ar", foi publicado nos EUA em maio deste ano-, e o apetite dos leitores, não. Larsson "precisa" de um sucessor.
"Nos últimos seis anos, as editoras já vinham se esforçando para ampliar o escopo de ficção de crime internacional. Mas agora isso acontece em escala muito maior", diz Sarah Weinman, jornalista especializada em mercado de livros de mistério.
"É um pouco o que aconteceu depois do sucesso de "Crepúsculo" -de repente, estavam todos dizendo "precisamos do próximo vampiro". Muitas dessas coisas já estavam lá, mas criou-se mais demanda."

ESCANDINÁVIA
A primeira "onda" veio da região da Escandinávia. Autores best-sellers na Europa ganharam lugar ao lado de Larsson nas prateleiras.
Uma das apostas é Jo Nesbo, norueguês que trocou a HarperCollins pela Alfred A. Knopf, a mesma de Larsson. A editora fechou contrato de três livros com Nesbo e o assumiu como sucessor do sueco, mas continua atrás de outros potenciais best-sellers.
Segundo o "Wall Street Journal", a Salomonsson Agency, que representa 36 autores da região, vendeu quase 40 obras para os EUA nos últimos anos.
Há poucos meses, a Simon & Schuster's Atria Books pagou mais de US$ 500 mil (quase R$ 900 mil) pelos direitos de quatro títulos da sueca Liza Marklund, que já vendeu mais de 12 milhões de cópias no mundo.
Também da Suécia é Camilla Läckberg, autora que foi ignorada pelas editoras americanas até o sucesso de Larsson. A sua estreia nos EUA aconteceu no mês passado, com "The Ice Princess", pela Pegasus Books.
A explosão de escandinavos fez com que a região fosse considerada saturada por muitos editores americanos, que passaram a buscar suspenses especialmente na Ásia e na África.
Para Weinman, outra razão da corrida por estrangeiros é a crise econômica. "Os editores estão sendo seletivos com o que compram. Mesmo os que não dão prejuízo são abandonados se não forem bem o suficiente."
Weinman diz que o interesse das editoras é pelo "best-seller imediato", e os livros estrangeiros, "que antes eram exóticos, hoje podem ter chance no mercado".


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