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ARTES PLÁSTICAS
Beuys discute
comunicação
com Warhol
CELSO FIORAVANTE
enviado especial a Londres
Não é à toa que o americano
Andy Warhol e o alemão Joseph
Beuys estão lado a lado na mostra
que a fundação alemã Froehlich
organizou para a Tate Gallery.
Os dois artistas são grandes referências para a arte contemporânea
e trabalharam a relação do indivíduo com a arte e com a celebridade, embora de maneira distinta.
O educador e ativista político
Beuys trabalhou com o conceito
da "escultura social", que colocava a escultura como um instrumento do processo de evolução
humana em um mundo em que
"todo mundo é um artista".
Warhol preferiu a relação do indivíduo com a fama. Nem todos
são artistas, mas todos terão direito à celebridade por meio da exposição aos meios de comunicação.
A mostra começa com um retrato feito por Warhol do próprio
Beuys, com fundo dourado. O ouro é uma remissão à alquimia, que
transformaria o chumbo em ouro,
em puro o que é impuro, tema recorrente em Beuys, e ao ouro enquanto signo de glamour, uma recorrência em Warhol (vide "Gold
Marilyn", de 62, na mostra).
Mas a Tate apresenta Warhol de
uma maneira muito mais complexa. Além de retratos glamourosos,
apresenta o lado negro do "american way of life" na série "Death
and Disaster", dos anos 60, sobre
desastres de carro.
O automóvel, símbolo de ascensão social e de uma economia de
sucesso, aparece aqui como símbolo de morte e destruição.
Os anos 60 são repletos de trabalhos com empenho social e político. Em 1963, o artista produziu a
série "Tunafish Disaster", sobre
duas senhoras mortas com botulismo depois de dividir uma lata de
atum. Nos dois exemplos, as mortes não são mais célebres e cercadas de glamour, mas anônimas.
No ano seguinte, retratou confrontos entre policiais e manifestantes durante passeata por direitos humanos em Birmingham
(Alabama).
A parte reservada a Joseph Beuys
é mais reduzida, mas igualmente
impactante. "Plateau Central",
desenho com lápis em pedra de
mármore disposta em caixa de
zinco, escultura de 1964, utiliza as
marcas do mármore para representar a região entre a Europa e a
Ásia, um lugar de trânsito, confrontos e troca de comunicação
entre leste e oeste.
O poder da comunicação, assim
como em Warhol, é um de seus temas mais constantes, representada em fios de cobre.
A escultura "Earth Telephone", feita com terra, telefone e palha, estabelece uma relação entre
energia da Terra (veiculada pelos
veios de cobre) e da informação
(fios de cobre do telefone).
Mostra: Warhol and Beuys: Loans from the
Froelich Collection
Onde: Tate Gallery (Milbank, metrô
Pimlico, tel. 0171/887-8000)
Quando: diariamente, das 10h às 17h30.
Até 20 de setembro
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