CARLOS CALADO
enviado especial a Lisboa

Já eram 3h10 da madrugada de ontem quando a cantora Fafá de Belém e as bandas Tocá Rufar e Timbalatina deixaram o palco instalado na praia do Tamariz, em Estoril -região conhecida como Riviera Portuguesa.
Cerca de 15 mil pessoas, segundo a polícia local, assistiram ao show "Tambores do Mar" -primeiro grande evento comemorativo dos 500 anos do Descobrimento, em Portugal.
Em termos musicais, a noite foi bem heterogênea. Começou com os tambores da jovem banda portuguesa Tocá Rufar, que não chegou a animar.
Com um repertório quase insólito, que une Bob Marley, Peninha, Mamonas Assassinas e Tim Maia, o baiano Ricardo "É o Bicho" Chaves provou que a axé music só tem compromisso com a animação carnavalesca.
Já a Timbalatina -versão reduzida da Timbalada- deixou evidente que ainda precisa bater muito tambor para encarar eventos internacionais. Além de abusar nos improvisos, tocou a insuportável "Mal Acostumado".
A ausência do veterano cantor e compositor Sérgio Godinho (que não conseguiu chegar a tempo por causa de uma homenagem a Cesária Évora, no mesmo horário) criou uma relativa tensão.
Assim, a participação portuguesa mais consistente ficou por conta de Paulo Gonzo. O roqueiro luso levou boa parte do público a dançar, especialmente quando cantou sua "Humano e Um Pouco Mais" ao lado de Fafá.
A anfitriã fez questão de anunciar no palco seu projeto de parcerias com músicos da ala pop portuguesa. Mas, ironicamente, o público vibrou mais com suas incursões pelo fado e pelas canções dor-de-cotovelo.
Ao final das contas, o pontapé inicial foi válido. As músicas do Brasil e de Portugal só teriam a ganhar com um maior intercâmbio.