VOLTAIRE DE SOUZA

Crise. Osmar era lojista. A liquidação de inverno fracassara. Chegou em casa nervoso. A mulher dele veio com a notícia. "Disco voador. Em São Paulo. A Tiazinha disse que viu." Osmar respondeu com rispidez. "Tanta coisa séria. Chega de bobagem." Foram dormir emburrados. Quatro da manhã. Insônia. Osmar abriu a janela. A lua parecia feita de nata. De repente, apagou. Uma forma brilhante surgiu no espaço. Parecia um pires. Ou o edifício do Senado em Brasília. No topo, uma cereja. Uma forma gêmea apareceu depois. Crescendo. Como dois pudins. Osmar balbuciava coisas desconexas. "Corrupção. Silicone." Acordou com o rosto colado nos seios da esposa. O casal logo atingiu o nirvana do amor. A realidade pode ser o maior barato.



Texto Anterior: Teatro: "De graça", "A Gaivota" em NY sai por US$ 130
Próximo Texto: Cinema/estréias - "A senha: swordfish": "Já desprezei Hollywood", diz Jackman
Índice