São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2001 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO Musical da Broadway com Marília Pêra ganha primeira versão nacional Jorge Takla diz conceber seu "Vitor ou Vitória" à brasileira
VALMIR SANTOS FREE-LANCE PARA A FOLHA Para o diretor Jorge Takla, o tresloucado enredo de "Vitor ou Vitória", o filme e depois musical da Broadway baseado na obra de Blake Edwards, tem mais a ver com o perfil do público brasileiro do que com o do americano. Na história, cuja primeira versão nacional para o palco estréia hoje em São Paulo, a atriz Marília Pêra interpreta Vitória, uma cantora lírica inglesa desempregada que, a partir da idéia de um amigo gay, se traveste de Vitor, um transformista de cabaré, como última cartada para sobreviver artisticamente em Paris -e assim triunfa não apenas profissionalmente, mas sobretudo no amor. "Há a fantasia, o travestismo, a ilusão, o Carnaval, o homem que se transforma em mulher, a mulher que se transforma em homem, enfim, o humor, a brincadeira, tudo isso é muito brasileiro. Os americanos são caretas, levam tudo muito a sério", afirma Takla, 50, sem medo da alegoria. Sem obrigação contratual de seguir à risca a concepção original -como ocorre em produções como "Les Misérables", em temporada em São Paulo-, Takla diz ter incorporado características que vão acentuar um "Vitor e Vitória" à brasileira. "Sem deturpar a obra original, vamos colocar um pouco da nossa alma", afirma. Letras e diálogos foram traduzidos por Claudio Botelho, ator e produtor que se especializou como versonista no país e consta da ficha técnica de produções como "Les Misérables" e "Company", esta dele próprio. Na montagem brasileira, a orquestra contracena com o elenco no palco. Não há fosso na sala do teatro Cultural Artística. São 11 músicos regidos por Miguel Briamonte. "A posição da orquestra determina uma nova relação da música com o espaço, o que também configura uma característica nossa", afirma o diretor musical Luís Gustavo Petri, 39. Marília Pêra, 52, passa cerca de duas horas em cena e troca de figurinos 16 vezes, entre um solo e outro, no vai-e-vem da "mulher que finge que é um homem que finge que é uma mulher". Léo Jaime, 41, que faz Toddy, o amigo gay de Vitória, afirma que o principal traço da história é o "amor incondicional". "Eles dividem a mesma cama, o mesmo sonho e vão juntos ao futuro", diz. Drica Moraes, 32, no papel da loira suburbana Norma Cassidy, faz uma leitura mais psicológica, comportamental. "Os personagens não têm uma máscara definida, o desejo pulsa o tempo todo, o grau de excitação é superalto. Isso tudo tem muito a ver com o mundo em que vivemos, a falta de uma forma definida para o tesão, para o prazer, a necessidade de inventar isso a cada dia", afirma. Daniel Boaventura, 31, do musical "Os Cafajestes" e de "Company", interpreta o gângster King Marchan. Ao todo, são cerca de 60 profissionais (31 no palco) envolvidos na produção, orçada entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, segundo Takla -sem patrocínio. VITOR OU VITÓRIA - De: Blake Edwards. Direção geral: Jorge Takla. Com: Marília Pêra e outros. Onde: teatro Cultura Artística - sala Esther Mesquita (r. Nestor Pestana, 196, SP, tel. 0/xx/11/256-0223). Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb, às 21h; dom., às 18h. Quanto: de R$ 30 a R$ 100. Texto Anterior: Crítica: Filme consagra personagem burra Próximo Texto: Versão da Broadway chega ao DVD no Brasil Índice |
|