São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2001

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

ELETRÔNICO

Grupo lança "Outrospective", com Dido, irmã de um dos integrantes

Faithless é agradável e se torna quase imperceptível

DA REDAÇÃO

"O utrospective" é o último dos dois discos que o octeto inglês (ou septeto, varia) Faithless lançou este ano. E é o terceiro da carreira do grupo formado em 1995.
Mas o cerne do Faithless concentra-se numa espécie de santíssima trindade: o rapper Maxi Jazz e os produtores Sister Bliss, também DJ, e Rollo Armstrong, irmão da cantora Dido.
Sim, a mesma de "Thank You", sampleada por Eminem -e autora do milionário disco "No Angel"-, presente em todos os discos da banda, inclusive este.
Mas... banda? Faithless é desses casos em que não se determina com precisão qual o seu formato. Ora se comporta como uma típica banda que toca em arenas em festivais de rock, ora age como se fosse um projeto eletrônico se apresentando em clubes.
O resultado é a música que abrange esses dois aspectos contemporâneos do pop. E isso significa esquizofrenia, principalmente se houver um "revival" trance, como é o caso no primeiro single, "We Come 1".
A música oscila entre o típico trance em crescendo de meados da década passada e uma musicalidade de Bristol da mesma época, com Maxi Jazz nos vocais. "Eu sou o olho esquerdo, e você, o direito. Não seria loucura brigar?", diz um trecho. Configuração paz-e-amor fluorescente que figurou no Top 10 eletrônico da "Billboard" no mês passado.
"Outrospective" começa com um chamado com uma sirene como a da inicialização do ICQ, mas etérea, líquida, em "Donny X", uma das melhores do álbum. Condizente com a capa do disco -um rapaz em primeiro plano, atirando algo em meio a uma manifestação (parece antiglobalização)-, a música se torna sombria sem se tornar triste. "O espaço atrás dos seus olhos é preenchido com algo como paz", encerra Maxi Jazz.
"Not Enuff Love" parte para a melancolia, ideal como trilha de "A Estrada Perdida", e depois se transforma em trip hop básico. "Dinheiro no meu bolso, mas simplesmente não posso viver muito." Bonito.
E também algo sintomático: o disco anterior do Faithless, "Sunday 8 PM" (1998), de caráter introspectivo, vendeu mais de 2 milhões de discos e foi sucesso na Europa, principalmente com a música "God Is a DJ".
Se "Machines R Us" é mais direcionado às pistas, a música seguinte, "One Step Too Far", com Dido nos vocais cristalinos, é uma boa música para boas rádios -quase "cheesy". E entra "Tarantula", percussiva, com grooves, sem esquecer a melodia.
E assim vai o disco, agradável o suficiente para não ser percebido em vários momentos. Como um Kid Abelha que usa botões em vez de sax, mas mantém-se a líder loira e banda ao vivo.
Ah, e o outro disco do Faithless deste ano é da série de remixes "Back to Mine" (que já teve Groove Armada, Danny Tenaglia, Everything but the Girl, Morcheeba, entre outros), lançado em janeiro, mas apenas no exterior.
(MARCELO NEGROMONTE)

Outrospective   
Banda: Faithless
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 25, em média



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