São Paulo, quarta, 17 de setembro de 1997.



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CRÍTICA
Short, 73, brilha; platéia não pede bis

CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação

"Mal posso esperar para subir lá e tocar", disse Bobby Short para a Folha momentos antes de sua apresentação, anteontem, no clube "A Hebraica", em São Paulo.
Folha - O senhor está cansado?
Bobby Short -
Não. É que tocar é simplesmente a coisa que mais gosto de fazer.
Com 73 anos arredondados no dia do show, o músico de bar mais famoso do mundo justificou em apenas três minutos o que disse.
Com o tradicional smoking, sapatos lustrosos com laços pretos nas pontas e o sorriso elegante que costuma apresentar no hotel Carlyle, em Nova York, mister Short iniciou o espetáculo atacando ao piano "Do What You Wanna Do", do mestre Duke Ellington.
A voz embargada, o olho brilhante e os pés que acompanhavam a bateria e o baixo faziam crer que ele não mentia enquanto cantava "I'm doing what I like to do" (estou fazendo o que eu gosto).
O pequeno Short aumentava sua estatura enquanto agitava os braços para o alto, esboçava passos de dança, fazia piadas e dedilhava compassados e refinados Cole Porters, Gershwins e tais.
Não cresceu mais porque a platéia -formada por cerca de 500 pessoas, que investiram mais de três dígitos no espetáculo beneficente- não fez muito esforço para que isso acontecesse.
Titular do Carlyle há 30 anos -lança no mês que vem disco alusivo a essa data-, com 61 anos de teclados, Short não perdeu a pose. Engatou a angustiada "Body and Soul", a lépida "Just One of Those Things" e a volumosa "At Long Last Love", de Porter.
Com uma hora de show, Short parou de tocar. Disse que gostaria de voltar ao Brasil -já veio seis vezes-, ganhou um acanhado "Happy Birthday" e um bolo e desceu do palco. Short brilhou, a platéia não pediu bis.



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