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CRÍTICA
Short, 73, brilha; platéia não pede bis
CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação
"Mal posso esperar para subir lá
e tocar", disse Bobby Short para a
Folha momentos antes de sua
apresentação, anteontem, no clube "A Hebraica", em São Paulo.
Folha - O senhor está cansado?
Bobby Short - Não. É que tocar
é simplesmente a coisa que mais
gosto de fazer.
Com 73 anos arredondados no
dia do show, o músico de bar mais
famoso do mundo justificou em
apenas três minutos o que disse.
Com o tradicional smoking, sapatos lustrosos com laços pretos
nas pontas e o sorriso elegante que
costuma apresentar no hotel
Carlyle, em Nova York, mister
Short iniciou o espetáculo atacando ao piano "Do What You Wanna Do", do mestre Duke Ellington.
A voz embargada, o olho brilhante e os pés que acompanhavam a bateria e o baixo faziam crer
que ele não mentia enquanto cantava "I'm doing what I like to do"
(estou fazendo o que eu gosto).
O pequeno Short aumentava sua
estatura enquanto agitava os braços para o alto, esboçava passos de
dança, fazia piadas e dedilhava
compassados e refinados Cole
Porters, Gershwins e tais.
Não cresceu mais porque a platéia -formada por cerca de 500
pessoas, que investiram mais de
três dígitos no espetáculo beneficente- não fez muito esforço para que isso acontecesse.
Titular do Carlyle há 30 anos
-lança no mês que vem disco alusivo a essa data-, com 61 anos de
teclados, Short não perdeu a pose.
Engatou a angustiada "Body and
Soul", a lépida "Just One of Those
Things" e a volumosa "At Long
Last Love", de Porter.
Com uma hora de show, Short
parou de tocar. Disse que gostaria
de voltar ao Brasil -já veio seis
vezes-, ganhou um acanhado
"Happy Birthday" e um bolo e
desceu do palco. Short brilhou, a
platéia não pediu bis.
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