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MUNDO DE BACO
Goles da Viña Carmen atravessam a cordilheira
JORGE CARRARA
Colunista da Folha
Para sorte dos apreciadores dos
vinhos do outro lado da cordilheira, a Viña Carmen, uma das vinícolas de ponta do Chile, repete a
fórmula que fez a fama das garrafas do país: muita fruta, belo equilíbrio e um preço muito razoável
para a sua qualidade.
Antiga casa chilena fundada em
1857, a Carmen foi pioneira no
uso de barris de carvalho americano para envelhecimento dos
seus vinhos. Após passar pelas
mãos de vários proprietários, a
marca é adquirida no fim dos
anos 80 por Ricardo Claro, principal acionista da Viña Santa Rita,
outra conhecida adega chilena,
que construiu uma nova vinícolacom moderna tecnologia e incorporou ao time da Carmen Álvaro
Espinoza, enólogo com experiência em casas européias como o
Château Margaux.
Os vinhos de Espinoza que acabaram de chegar ao Brasil, especialmente os brancos, impressionam pelo seu caráter varietal,
bem marcado no aroma e sabor.
O Sauvignon Blanc 98 é talvez o
melhor branco desta variedade
disponível na sua faixa de preço
-tem perfume intenso típico
desta cepa (frutas tropicais em
que predomina o maracujá) e paladar bem frutado e com boa acidez. Também intenso, redondo
na boca, o Chardonnay 98, marcado por fortes pinceladas de maçã madura e abacaxi, típicos desta
variedade oriunda da Borgonha,
não fica muito atrás.
Outros dois Chardonnays, safra
97, temperados com carvalho,
apresentam boa performance: o
Reserve (boa amálgama de fruta
com certo torrado e baunilha da
madeira) e o Wine Maker's Reserve (encorpado, combinando no
sabor fruta e especiaria).
Na ala dos tintos, o Merlot 98, de
corpo médio, agrada pelo seu aroma e sabor rico (ameixa, groselha,
leve defumado). Mais encorpado,
o Cabernet Grande Vidure (outro
nome para a Carmenére, uma antiga cepa oriunda de Bordeaux
que ressurgiu no Chile) é um vinho com boa textura e paladar
dominado pelas frutas vermelhas.
Encerram o departamento dos
goles rubros dois Reserve 97: um
Merlot, de sabor concentrado,
boa acidez e final um pouco alcóolico, mas agradável e persistente, e um Cabernet Sauvignon,
de paladar denso e complexo, taninos finos bem rodeados por
fruta densa, que lembra framboesa e cassis, além do toque de eucalipto e resina típico destes tintos.
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