São Paulo, Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999
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MUNDO DE BACO

Goles da Viña Carmen atravessam a cordilheira


JORGE CARRARA
Colunista da Folha

Para sorte dos apreciadores dos vinhos do outro lado da cordilheira, a Viña Carmen, uma das vinícolas de ponta do Chile, repete a fórmula que fez a fama das garrafas do país: muita fruta, belo equilíbrio e um preço muito razoável para a sua qualidade.
Antiga casa chilena fundada em 1857, a Carmen foi pioneira no uso de barris de carvalho americano para envelhecimento dos seus vinhos. Após passar pelas mãos de vários proprietários, a marca é adquirida no fim dos anos 80 por Ricardo Claro, principal acionista da Viña Santa Rita, outra conhecida adega chilena, que construiu uma nova vinícolacom moderna tecnologia e incorporou ao time da Carmen Álvaro Espinoza, enólogo com experiência em casas européias como o Château Margaux.
Os vinhos de Espinoza que acabaram de chegar ao Brasil, especialmente os brancos, impressionam pelo seu caráter varietal, bem marcado no aroma e sabor.
O Sauvignon Blanc 98 é talvez o melhor branco desta variedade disponível na sua faixa de preço -tem perfume intenso típico desta cepa (frutas tropicais em que predomina o maracujá) e paladar bem frutado e com boa acidez. Também intenso, redondo na boca, o Chardonnay 98, marcado por fortes pinceladas de maçã madura e abacaxi, típicos desta variedade oriunda da Borgonha, não fica muito atrás.
Outros dois Chardonnays, safra 97, temperados com carvalho, apresentam boa performance: o Reserve (boa amálgama de fruta com certo torrado e baunilha da madeira) e o Wine Maker's Reserve (encorpado, combinando no sabor fruta e especiaria).
Na ala dos tintos, o Merlot 98, de corpo médio, agrada pelo seu aroma e sabor rico (ameixa, groselha, leve defumado). Mais encorpado, o Cabernet Grande Vidure (outro nome para a Carmenére, uma antiga cepa oriunda de Bordeaux que ressurgiu no Chile) é um vinho com boa textura e paladar dominado pelas frutas vermelhas. Encerram o departamento dos goles rubros dois Reserve 97: um Merlot, de sabor concentrado, boa acidez e final um pouco alcóolico, mas agradável e persistente, e um Cabernet Sauvignon, de paladar denso e complexo, taninos finos bem rodeados por fruta densa, que lembra framboesa e cassis, além do toque de eucalipto e resina típico destes tintos.


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