São Paulo, Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999
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MÚSICA

Compositor e cantor carioca faz show único hoje no Sesc Belenzinho, em São Paulo, com músicas do CD "Móbile", recém-lançado

Paulinho Moska mostra sua renovação


da Reportagem Local

O Paulinho Moska que faz apresentação única hoje, em São Paulo, no Sesc Belenzinho, é um artista que se diz num momento de renovação. É o que ele, cantor e compositor carioca de 31 anos, quer demonstrar em "Móbile", seu novo CD, lançado há pouco.
"O CD anterior, ao vivo, era o fechamento de um ciclo. Eu estava decidido a mudar muita coisa na sonoridade da minha música. Achava que o pop estava se repetindo muito desde o tropicalismo e a entrada da guitarra", explica.
A renovação, então, não pode deixar de passar pela eletrônica: "É óbvio que a música eletrônica nasce da necessidade do pop de se renovar. Comecei a escutar ecos do tecno e a achar estranho".
Foi a sensação que lhe causou a audição de Grooverider, Amon Tobin, Roni Size. "Acho legal, mas não tem canção, não tem música. Sou um compositor pop, de refrão. Aí fiquei ouvindo Björk, Massive Attack, e comecei a ficar apaixonado."
Tais artistas o teriam encaminhado a um meio-termo, "modernizado", mas ainda próximo ao pop de refrão. "Podemos criar maluquices sem aquele "tom-tom", só com percussão e violão -não tem guitarra, nem bateria."
Diz que não é, entretanto, sua adesão ao pop eletrônico. "Não quis fazer um disco de tecno. A maior virtude do CD é ter chegado a uma sonoridade diferente, não parecer Björk ou Portishead."
Tais transformações implicam em alguma busca? "Não, não estou procurando meu lugar. Eu estou é me perdendo. Foi o que procurei quando saquei que estava começando a me repetir."
Embora vá se identificando com outros artistas de idades parecidas à sua -Lenine, Chico César, Zeca Baleiro-, Paulinho diz que eles não integram um grupo compacto. "O Brasil sempre foi muito entendido por movimentos. Pela primeira vez, não existe um movimento estético e ético. São os apaixonados pela diferença, talvez", advoga.
Não seriam "rebeldes sem causa"? "Não. Talvez seja um momento de celebração. Depois de uma série de movimentos, é legal pela primeira vez não haver, e o que se faz ser a mistura de tudo."
Relativiza a impressão de que o não-movimento conduz a um conjunto de canções de amor: "Uso uma máscara romântica que não é a do Maurício Mattar, do Fábio Jr., do Paulo Ricardo. É de existencialismo. "Ela" nunca é uma mulher, o amor é o pretexto para falar de outras coisas", filosofa o novo Paulinho Moska.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Show: Paulinho Moska
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, tel. 0/xx/11/6096-8143)
Quando: hoje, às 22h
Quanto: R$ 10


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