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CRÍTICA
Compositor começa a sacudir alguma poeira
da Reportagem Local
"Móbile" é um disco de inquietação. E isso desde início o
coloca adiante dos trabalhos anteriores de Paulinho Moska, um
artista que vinha se beneficiando
do incenso de colegas de classe,
mesmo sem nunca exibir um
trabalho que primasse pela contundência.
"Móbile" não é, também, um
disco contundente. Mas ganha
muitos pontos por ser um trabalho de pesquisa, a busca por um
caminho que não se apropriasse
simplesmente das gracinhas da
moda e do momento.
É o que há de mais proveitoso
nele. O disco exibe, de fato, uma
linguagem contemporânea, irriquieta, mas obtida por uma
equipe de "operários" -ele, o
percussionista Marcos Suzano,
o produtor e músico Celso Fonseca- que extrai êmulos de trip
hop de percussão, violão e "interferências" de Sacha Amback
-"O Mundo", cantada com
Chico César, Lenine e Zeca Baleiro, é onde tal uso se dá de forma mais bem acabada.
Contra a corrente nada certa
pasmaceira que acomete a MPB
-e a geração de Moska é a bucha desse canhão.
Ele ter sido promovido a "gênio" por vários -Gilberto Gil,
Marina Lima, Jorge Mautner-
não apaga que suas letras sejam,
ainda, mais ingênuas que as de
um "gênio", nem que ele seja,
ainda, artista à procura de uma
causa.
Sem causa é que apela, às vezes, a obviedades que o prejudicaram em momentos anteriores
e que, agora, menos, reevidenciam a carência de causa. É o que
ocorre, por exemplo, no cover
de "País Tropical" (69), de Jorge
Ben.
Jorge Ben é o predileto de nove
entre dez dos artistas da geração
de Paulinho, já se sabe, e tal filiação é mais que legítima. Mas não
soa convincente que ele reafirme
isso reinterpretando (e pouco
adicionando a) justamente "País
Tropical". O já habitual pedido
de bênção ("moro no país de
Ben Jor", termina ele) só desanda de vez a receita.
Por isso é que "Retalhos de Cetim", do infame Benito di Paula,
com violão que lembra "Leãozinho", de Caetano, fala mais alto,
sacode mais a poeira. Em "Móbile", o cantor/compositor Paulinho Moska ainda está nos trilhos, mas já começa a sacudir alguma poeira.
(PAS)
Avaliação:
Disco: Móbile
Artista: Paulinho Moska
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 18, em média
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