São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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CRÍTICA

Novo "Sítio" é adaptação tropicalista

NEWTON CANNITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde a semana passada, há um novo "Sítio" no ar. Os personagens são os mesmos, mas as histórias vão além dos livros de Lobato. Comparando com a temporada anterior, Walcyr Carrasco, novo autor da série, fez uma pequena revolução no "Sítio".
Os livros de Lobato se esgotaram na primeira temporada, e o desafio do autor era criar histórias fiéis ao universo do escritor. No entanto, atento aos atuais sucessos da cultura internacional, Carrasco trouxe à tela um Harry Potter brasileiro, um menino bruxo atrapalhado, que chega ao "Sítio" para combater um bruxo mau. Os novos personagens fogem das principais fontes da obra de Lobato: o folclore nacional e a mitologia clássica. A nova versão do "Sítio" está mais próxima da tradição tropicalista e faz a antropofagia do sucesso internacional.
A adaptação mantém, no entanto, outros aspectos essenciais da obra de Lobato. O potencial contestador da boneca Emília foi ampliado. Walcyr Carrasco parece ter familiaridade com a personagem da mulher "politicamente incorreta". Sua melhor criação televisiva, a Catarina de "O Cravo e a Rosa", foi uma Emília mais madura. E "Xica da Silva", sua novela anterior, fez o retrato de uma mulher contestadora.
O modo de contar a história também foi reformulado. Na primeira temporada, havia fidelidade à forma como Lobato articulava a narrativa. Havia vários enredos no mesmo episódio e a narração das aventuras do "Sítio" eram contadas na forma de memórias.
O roteiro de Walcyr Carrasco reorganiza essa estrutura. As duas histórias da primeira semana foram entrelaçadas e, em vez de serem memórias, passaram a acontecer no tempo presente. Em roteiro, essa é uma diferença fundamental, pois abre espaço para cenas de suspense e surpresa que conquistarão definitivamente o público infantil.


Avaliação:     

Newton Cannito é diretor do Instituto de Estudos de Televisão



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