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CRÍTICA
Novo "Sítio" é adaptação tropicalista
NEWTON CANNITO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Desde a semana passada, há
um novo "Sítio" no ar. Os
personagens são os mesmos, mas
as histórias vão além dos livros de
Lobato. Comparando com a temporada anterior, Walcyr Carrasco, novo autor da série, fez uma pequena revolução no "Sítio".
Os livros de Lobato se esgotaram na primeira temporada, e o
desafio do autor era criar histórias
fiéis ao universo do escritor. No
entanto, atento aos atuais sucessos da cultura internacional, Carrasco trouxe à tela um Harry Potter brasileiro, um menino bruxo
atrapalhado, que chega ao "Sítio"
para combater um bruxo mau. Os
novos personagens fogem das
principais fontes da obra de Lobato: o folclore nacional e a mitologia clássica. A nova versão do "Sítio" está mais próxima da tradição tropicalista e faz a antropofagia do sucesso internacional.
A adaptação mantém, no entanto, outros aspectos essenciais da
obra de Lobato. O potencial contestador da boneca Emília foi ampliado. Walcyr Carrasco parece
ter familiaridade com a personagem da mulher "politicamente incorreta". Sua melhor criação televisiva, a Catarina de "O Cravo e a
Rosa", foi uma Emília mais madura. E "Xica da Silva", sua novela
anterior, fez o retrato de uma mulher contestadora.
O modo de contar a história
também foi reformulado. Na primeira temporada, havia fidelidade à forma como Lobato articulava a narrativa. Havia vários enredos no mesmo episódio e a narração das aventuras do "Sítio" eram
contadas na forma de memórias.
O roteiro de Walcyr Carrasco
reorganiza essa estrutura. As duas
histórias da primeira semana foram entrelaçadas e, em vez de serem memórias, passaram a acontecer no tempo presente. Em roteiro, essa é uma diferença fundamental, pois abre espaço para cenas de suspense e surpresa que
conquistarão definitivamente o
público infantil.
Avaliação:
Newton Cannito é diretor do Instituto de Estudos de Televisão
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