São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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DISCO/CRÍTICA

Black Alien, tempero e antídoto

DA REPORTAGEM LOCAL

O rap brasileiro está em festa com o advento de "Babylon by Gus - Volume 1 - O Ano do Macaco", de Black Alien. Sofisticação de produção, riqueza musical e letras pesadas podem empurrar todo o hip hop nacional para cima.
Nem se trata de abordar as tensões Rio-São Paulo, na linha Planet Hemp versus Racionais MC's. O paulistano Alexandre Basa, ligado aos núcleos Instituto e Mamelo Sound System, é responsável pela produção, pelas bases, por metade do CD de Black Alien.
Esse, por sua vez, mostra que assimilou o respeito de D2 à música brasileira, mas quer seguir seu próprio caminho. Trilha-o com categoria no rap-pop das bilíngües "Mister Niterói", "Babylon by Gus", "Na Segunda Vinda" etc.
Mesmo citando Chico Buarque e Raul Seixas, seu centro está na languidez e na rapidez melódica aprendidas em Jamaica e EUA -grandes exemplos são as sexies "Como Eu Te Quero" e "Perícia na Delícia", as aceleradas "Caminhos do Destino" (auge melódico do CD) e "1º de Dezembro" -é complexidade na panela do rap de cá. Se D2 é samba, Black Alien é gangsta rap, raggamufin, Outkast. É tempero e antídoto ao nacional-patriotismo a que o Brasil de Lula pode se restringir se não se cuidar.
D2 responde com seu disco mais fraco -pela redundância precoce, não pelo incrível time de músicos de rap, samba, rock e até eruditos que reuniu (ah, se fossem músicas novas...). OK, ele agora quer é fazer barulho (leia-se ganhar dinheiro), a moeda tem obrigatoriamente dois lados.
Aliás, é preciso mesmo escolher entre cara e coroa?
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Babylon by Gus     
Artista: Black Alien
Lançamento: Deckdisc
Quanto: R$ 30, em média



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