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Mart'nália celebra o samba-soul
No CD "Madrugada", cantora quer ressaltar seu lado "mais para Motown do que para Vila Isabel"
Com produção musical de Arthur Maia e Celso Fonseca, disco inclui "Tom Maior", de Martinho da Vila, e "Sai Dessa", gravada em 80 por Elis
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Maria Bethânia, ao ouvir as
primeiras gravações do novo
CD de Mart'nália, "Madrugada", disse para a filha de Martinho da Vila voltar a pôr a voz
nas músicas, mas pela manhã.
Sem a supervisão da madrinha artística (e produtora de
seu disco anterior, "Menino do
Rio", de 2006), a carioca tinha
virado noites no estúdio, fazendo jus ao nome do novo trabalho -e à sua preferência pelas
horas mais boêmias dos dias.
"Não sou muito responsável", ri Mart'nália, "daí a Bethânia fez esse carinho de me ajudar com a voz". Aqui, um cuidado extra-oficial: diferentemente de "Menino do Rio", que saiu
pelo selo Quitanda, da cantora
baiana, "Madrugada" tem tiragem pela Biscoito Fino e produção musical de Arthur Maia
e Celso Fonseca -que deram
um toque mais soul ao samba.
""Menino do Rio" tem uma levada de que a Bethânia gosta,
com muito do subúrbio do Rio.
Só que é uma noção diurna, que
não é bem a minha vida. "Madrugada" é o "Menino do Rio" do
jeito que ele gosta. Crescido, na
noite, tomando uns porres..."
"Djavaneada"
Mais relaxado e menos sério
(nas palavras dela) que o anterior, o disco surgiu "da esperança de fazer algo com Arthur
Maia", com quem Mart'nália se
identifica no gosto pelos "Stevie Wonders e Marvin Gayes da
vida". "Quando a gente se junta,
sempre sai uma coisa "djavaneada", mais pra Motown do
que pra Vila Isabel", afirma.
Maia divide com Mart'nália
os créditos de "Deu Ruim"
(também com Ronaldo Barcellos) e "Angola" (com Maré e
Paulo Flores). Uma terceira
parceria para esse álbum não se
concretizou porque a cantora
postergou por anos a fio a tarefa
de colocar letra em "Alívio".
"Eu nunca conseguia fazer isso. Daí, quando comecei a gravar, pensei no Dija [Djavan]. Eu
queria um baladão pra abrir o
disco, e o Dija é a melhor pessoa
para fazer um baladão", conta.
Celso Fonseca, que cuidou de
arranjos de "Pé do Meu Samba"
(disco de 2002 de Mart'nália,
com direção musical de Caetano Veloso), entrou no time depois. "O Celso tem um... Não
vou dizer um estilo George
Benson, mas eu gosto muito
dessa guitarrinha dele".
O instrumento aparece em
"Ela É Minha Cara" (Ronaldo
Bastos e Fonseca) e em duas regravações, "Batendo a Porta",
de João Nogueira e Paulo César
Pinheiro, e "Sai Dessa", de Nathan Marques e Ana Terra, que
Elis Regina gravou em seu último disco, "Elis", em 1980.
A leva de "saudade", comum
aos CDs de Mart'nália, inclui
ainda "Alegre Menina", de Dori
Caymmi e Jorge Amado, que
Djavan gravou para a novela
"Gabriela Cravo e Canela"
(1983), e "Tom Maior", de Martinho da Vila. ""Tom Maior" é
meu momento família. Gosto
de pôr minha visão em músicas
pouco conhecidas do meu pai, e
minha mãe sempre cantava essa pra mim. Foi o meu "Acalanto", o meu "Boi da Cara Preta"."
Com show de lançamento
em São Paulo previsto para 31
de outubro, no HSBC Brasil, o
disco tem uma garantia de reconhecimento imediato. A versão com sotaque carioca de
Mart'nália para "Don't Worry,
Be Happy", de Bobby McFerrin, é tema da nova novela das
sete da Globo, "Três Irmãs".
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