São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Mart'nália celebra o samba-soul

No CD "Madrugada", cantora quer ressaltar seu lado "mais para Motown do que para Vila Isabel"

Com produção musical de Arthur Maia e Celso Fonseca, disco inclui "Tom Maior", de Martinho da Vila, e "Sai Dessa", gravada em 80 por Elis


RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Bethânia, ao ouvir as primeiras gravações do novo CD de Mart'nália, "Madrugada", disse para a filha de Martinho da Vila voltar a pôr a voz nas músicas, mas pela manhã.
Sem a supervisão da madrinha artística (e produtora de seu disco anterior, "Menino do Rio", de 2006), a carioca tinha virado noites no estúdio, fazendo jus ao nome do novo trabalho -e à sua preferência pelas horas mais boêmias dos dias.
"Não sou muito responsável", ri Mart'nália, "daí a Bethânia fez esse carinho de me ajudar com a voz". Aqui, um cuidado extra-oficial: diferentemente de "Menino do Rio", que saiu pelo selo Quitanda, da cantora baiana, "Madrugada" tem tiragem pela Biscoito Fino e produção musical de Arthur Maia e Celso Fonseca -que deram um toque mais soul ao samba.
""Menino do Rio" tem uma levada de que a Bethânia gosta, com muito do subúrbio do Rio. Só que é uma noção diurna, que não é bem a minha vida. "Madrugada" é o "Menino do Rio" do jeito que ele gosta. Crescido, na noite, tomando uns porres..."

"Djavaneada"
Mais relaxado e menos sério (nas palavras dela) que o anterior, o disco surgiu "da esperança de fazer algo com Arthur Maia", com quem Mart'nália se identifica no gosto pelos "Stevie Wonders e Marvin Gayes da vida". "Quando a gente se junta, sempre sai uma coisa "djavaneada", mais pra Motown do que pra Vila Isabel", afirma.
Maia divide com Mart'nália os créditos de "Deu Ruim" (também com Ronaldo Barcellos) e "Angola" (com Maré e Paulo Flores). Uma terceira parceria para esse álbum não se concretizou porque a cantora postergou por anos a fio a tarefa de colocar letra em "Alívio".
"Eu nunca conseguia fazer isso. Daí, quando comecei a gravar, pensei no Dija [Djavan]. Eu queria um baladão pra abrir o disco, e o Dija é a melhor pessoa para fazer um baladão", conta.
Celso Fonseca, que cuidou de arranjos de "Pé do Meu Samba" (disco de 2002 de Mart'nália, com direção musical de Caetano Veloso), entrou no time depois. "O Celso tem um... Não vou dizer um estilo George Benson, mas eu gosto muito dessa guitarrinha dele".
O instrumento aparece em "Ela É Minha Cara" (Ronaldo Bastos e Fonseca) e em duas regravações, "Batendo a Porta", de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, e "Sai Dessa", de Nathan Marques e Ana Terra, que Elis Regina gravou em seu último disco, "Elis", em 1980.
A leva de "saudade", comum aos CDs de Mart'nália, inclui ainda "Alegre Menina", de Dori Caymmi e Jorge Amado, que Djavan gravou para a novela "Gabriela Cravo e Canela" (1983), e "Tom Maior", de Martinho da Vila. ""Tom Maior" é meu momento família. Gosto de pôr minha visão em músicas pouco conhecidas do meu pai, e minha mãe sempre cantava essa pra mim. Foi o meu "Acalanto", o meu "Boi da Cara Preta"."
Com show de lançamento em São Paulo previsto para 31 de outubro, no HSBC Brasil, o disco tem uma garantia de reconhecimento imediato. A versão com sotaque carioca de Mart'nália para "Don't Worry, Be Happy", de Bobby McFerrin, é tema da nova novela das sete da Globo, "Três Irmãs".


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Crítica: Descuido com repertório tira força de projeto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.