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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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ARTIGO

Revista foi o meu Woodstock particular

LAERTE
CARTUNISTA DA FOLHA

Eu e mais a multidãozinha descolada da época já conhecíamos o Crumb, principalmente ele, da "Grilo" -revista supereclética, que trazia tira comercial, "underground" americano e quadrinho europeu.
Tudo me fazia a cabeça, mas a piração do "underground" era especial.
Um pouco depois o Ulisses Capozolli me emprestou as "Zap" dele -foi o meu Woodstock particular.
Eu nunca tinha visto tanta bandalheira, tanta heresia, tanta invenção junta, não sabia que podia. Claro que não podia, era 70 e pouco no Brasil. Não sabia no sentido de ser "concebível".
Parecia o meu grande terror na época -uma viagem de que a gente não saía nunca, dano permanente.
O que de fato foi. Aquelas histórias não passam nunca.
Já li 1 milhão de vezes. Depois de uns 12 anos, juntei coragem e procurei o Ulisses, me declarando disposto a devolver o lote.
Ele disse: "Fica com elas, você fez por merecer".
Não lembro se pulei em cima do Ulisses, rasguei a roupa dele e predei aquela carne inocente. Acho que não, pode ter sido só ironia.

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