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ARTIGO
Revista foi o meu Woodstock particular
LAERTE
CARTUNISTA DA FOLHA
Eu e mais a multidãozinha descolada da época
já conhecíamos o Crumb,
principalmente ele, da "Grilo" -revista supereclética,
que trazia tira comercial,
"underground" americano e
quadrinho europeu.
Tudo me fazia a cabeça,
mas a piração do "underground" era especial.
Um pouco depois o Ulisses
Capozolli me emprestou as
"Zap" dele -foi o meu
Woodstock particular.
Eu nunca tinha visto tanta
bandalheira, tanta heresia,
tanta invenção junta, não sabia que podia. Claro que não
podia, era 70 e pouco no
Brasil. Não sabia no sentido
de ser "concebível".
Parecia o meu grande terror na época -uma viagem
de que a gente não saía nunca, dano permanente.
O que de fato foi. Aquelas
histórias não passam nunca.
Já li 1 milhão de vezes. Depois de uns 12 anos, juntei
coragem e procurei o Ulisses, me declarando disposto
a devolver o lote.
Ele disse: "Fica com elas,
você fez por merecer".
Não lembro se pulei em cima do Ulisses, rasguei a roupa dele e predei aquela carne
inocente. Acho que não, pode ter sido só ironia.
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