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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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ERIKA PALOMINO

ALGUMAS COISINHAS SOBRE PARIS

ELEGÂNCIA É VONTADE PARA 2004
Elegância, chic-querie, um novo glamour. O retrô explícito começa a se diluir, e mesmo o olhar para o passado, como na ótima coleção Marlene Dietrich para a Dior, aparece com perfume de novidade. Olhando para trás pelo retrovisor, está a coleção de Phoebe Philo para a Chloé, inspirada nos looks da revista "Elle" dos anos 70. Foi o suficiente para a Colette recuperar um livro do Ron Galella. Faça a pesquisa você também.
Calças de cintura alta e os jeans mais absurdos da estação, bem 70, divertidos. Tudo é lavado, cores pastel, leveza, movimento e muito, muito jérsei e fluidez aparecem aqui e em toda parte nos desfiles de Paris
O clássico está na moda, e essa história de elegância vem com força para Viktor & Rolf, outro dos desfiles que mais gostei de assistir. Foi o maior desfile da dupla holandesa, que passa a ter status de gente grande. Todo mundo com sapatinhos vermelhos, bem hollywood, mas com a pitada de ironia característica de seu trabalho.
É hora de tweed, então é hora de Chanel. Ainda que sem grandes revoluções, Karl Lagerfeld se exercita com intimidade no vocabulário da estilista, tipo psicografia fashion mesmo! Terninhos, jaquetinhas, tudo bem feminino.
E pode recuperar esse conceito para a estação: a ultrafeminilidade é tendência. O ápice dessa vontade se deu no desfile de John Galliano para ele mesmo, em si, com megamangas bufantes, com muitos corsets e, agora sim, com um forte fundamento histórico (a palavra é "coqueterie"). A coleção era na primeira parte, toda clara, alternando ingenuidade e sexualidade, exagerando no estilo bourdoir para alcançar a mulher atual. Com ela retornam os babadinhos, frufrus, as meiguices. As mulheres querem se sentir lindas de novo.

Paris se mantém à frente da moda global com uma temporada de primavera-verão 2004 sensacional. Em tempos de crise, como se sabe, a criatividade é que deve dar o último grito. E os designers em ação na cidade não deixaram por menos. É muito comum a pergunta entre os fashionistas: qual desfile você gostou mais? Desfile, desfile, desfile, gostei mais do Alexander McQueen, que conseguiu mostrar moda de uma maneira inovadora, mais leve do que suas apresentações habituais, perfeita em sua interpretação das vontades de hoje -de vestidos dramáticos e ao mesmo tempo suaves. Ver a inesquecível Karen Elson e a novíssima Stan (uma das minhas favoritas no momento) interpretando concorrentes do concurso de dança/desfile, que teve coreografia do bailarino inglês Michael Clark. O derby foi a parte mais incrível, com as modelos (a inigualável Isabelli Fontana entre elas) correndo frenéticas à volta do salão da sala Wagram.
Também adorei Louis Vuitton, que propôs de fato uma leitura do que seria (é) hoje uma mulher verdadeiramente chique. Teve muito dourado, é certo, mas o que foi inovador foi a silhueta mais jogada e a mistura de decorativismo com mood histórico (Cleópatra encontra Theda Bara, declarou Jacobs), com acessórios 100% desejáveis e a inovação de ter bolsas em todos os looks.

palomino@uol.com.br
www.erikapalomino.com.br

ESTILISTAS CRIAM SILHUETA DE HOJE
Os designers seguem em busca de uma nova silhueta, de uma imagem que defina os tempos atuais. Não é tarefa das mais fáceis, mas é exatamente por isso que essa temporada do verão internacional 2004 entra para a história. Um dos principais temas é a estrutura (ou desestrutura) da t-shirt, conforme vista em Helmut Lang, lidando com o avesso, com a sobreposição e com diferentes materiais, como o metalizado plastificado colorido -numa aula de cor vinda justamente do mestre do minimalismo. O fundamento respinga também no desfile de Rick Owens (todo mundo aplaudiu tanto, ele é um outsider que vence, nesta estação). A malha é o ponto de partida, redesenhando a silhueta e avançando também na nova elegância do terceiro milênio. Alguém falou em redesenhar a silhueta? Então vamos todos pesquisar Nicolas Ghesquière para a Balenciaga. Nada comercial, pouco usável, rara mesmo. Mas um desses que interpretam a realidade fashion com personalidade. Como Hussein Chalayan, não? Com sua mais doce coleção, tipo férias mesmo. E ele ainda inventou uma loucurinha explicando que as estampas fofas de praia poderiam ser consideradas "talismãs arqueológicos" sobre as rotas migratórias étnicas de seu Chipre natal. E Saint Laurent? Trabalhou sobre o smoking, atraindo o foco para a cintura, uma das mais sólidas histórias de silhueta da estação.

na noite ilustrada

Hoje os Borderlinerz fazem show na noite Glitz, no Ampgalaxy; no Pix tem a festinha mensal 1,2,3, 4 U com Ana Flávia e Paula, que também toca na SoundWitch no Supper Club. Sábado tem a festa Volume 1 no Urbano, com Eugenio Lima; a Jet Lounge do Ultralounge, especial para a Semana Jovem, convida André Fischer e Erika Brandão para tocar; Bispo e Liberato tocam na noite electro-rock do Ampgalaxy. A festinha house Viva! rola no Bop Bistrot com Wagner J. e Wander A. E quinta tem show da banda Monikini no Centro Cultural São Paulo

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