São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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Del Rey relê RC em ritmo de aventura

DA REPORTAGEM LOCAL

A passagem de Roberto Carlos pelo Pacaembu deve atrair muitas das senhoras que o seguem há décadas e poucos dos moleques que há pouco freqüentaram o mesmo espaço num show gratuito dos Racionais MC's. Mas há gente jovem de olho no "Rei". É o caso de mais um grupo pernambucano, Del Rey, que tem feito shows calcados no repertório do Roberto roqueiro dos anos 60.
Assumidamente inspirado nos conterrâneos mais velhos dos Sebosos Postizos, o grupo reúne os integrantes do endiabrado Mombojó e o vocalista China, 24, ex-líder da banda hardcore Sheik Tosado. É ele que conta o porquê de uma banda-homenagem a RC.
"Eu havia terminado o namoro com minha atual mulher, estava muito mal e passava o dia ouvindo o "Rei" em casa. Liguei para os meninos do Mombojó: precisamos fazer uma banda que só toque músicas dele. O que eu queria mesmo era trazê-la de volta para mim, e ela acabou voltando. O show também foi ótimo."
Felipe S., 21, vocalista do Mombojó e guitarrista do Del Rey, adiciona razão mais pragmática: "No início era só alegria, a gente ganhava um trocado enquanto não estava fazendo nada com o Mombojó. Ela tem a preferência, mas quem sustenta hoje em dia os músicos é o Del Rey".
China comenta o crescimento em geração espontânea da brincadeira: "Uma pessoa da nossa idade vai a um show e, no próximo, leva os pais. Costumo dizer que o Del Rey serve como instrumento agregador para a família".
Os meninos falam da relação com RC em pessoa e de seu célebre hábito recente de vetar a maioria das tentativas de outros artistas em gravar suas músicas.
"Acho que ele nem sabe que o Del Rey existe, e nem fazemos idéia da reação dele quando souber que um monte de moleques do Recife está tocando suas canções. A maioria dos nossos amigos se vê nas músicas da Legião Urbana. Nós preferimos a verdade do "Rei". Se eu fosse ele, ficaria muito feliz", afirma China.
Está certo, se é que vale a opinião do empresário de RC, Dody Sirena: "Não tenho conhecimento da banda, mas fico muito interessado e curioso em saber mais sobre eles e escutar o material. Shows ao vivo não necessitam autorização, até acho importante as músicas dele serem interpretadas em vários estilos. Nossas restrições são para exploração do mercado fonográfico e publicitário".
Mas Felipe S. cutuca a empatia entre o Rei e o Rey, seguindo receita de amor e ódio simultâneos aprendida no romantismo de RC: "Fico impressionado em como as músicas da jovem guarda tocam as pessoas até hoje. Hoje em dia Roberto Carlos está num estágio repugnante. Deve ser difícil permanecer no trono".
China suaviza. "Não interessa se ele faz música para a gordinha ou para o taxista. Ele é o "Rei", pode fazer o que quiser. Respeitamos suas inclinações". (PAS)


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