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Mineiro ganha prêmio de R$ 25 mil
especial para a Folha
O pintor e escultor Amílcar de
Castro, 76, é o vencedor da primeira edição do Prêmio Johnnie Walker de Artes Plásticas.
O anúncio foi feito anteontem
em São Paulo. O artista mineiro,
que já participou de cinco edições
da Bienal Internacional de São
Paulo, inclusive da segunda, em
1953, receberá um prêmio-aquisição de R$ 25 mil. A obra irá para
uma coleção que a Johnnie Walker
deve montar na Escócia.
O carioca Eduardo Sued, 72, e a
mineira Iole de Freitas, 51, ficaram
com os segundos lugares. Cada um
recebe R$ 15 mil, também um prêmio-aquisição.
A premiação acontece no dia 2 de
dezembro, no Museu Nacional de
Belas Artes do Rio, quando será
aberta uma coletiva com obras dos
três artistas premiados. A mostra
fica até 4 de janeiro.
Na contramão dos tradicionais
concursos e programas de incentivo às artes, nos quais os alvos são
as revelações, o prêmio Johnnie
Walker foi criado para "reconhecer as maiores contribuições dos
últimos anos", explica Charles
Watson, coordenador do projeto.
Além dos ganhadores, os finalistas do concurso foram Tunga, Nuno Ramos, Franz Weisman, José
Resende, Paulo Pasta, Waltercio
Caldas, Ernesto Neto e Jac Leirner.
Watson, artista escocês há 20
anos no Brasil, foi vice-presidente
e é professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. "Sabemos que haverá críticas por serem artistas consagrados, mas o que é um artista consagrado se não há como reconhecer
isso em termos reais?", questiona.
Ele conta que a idéia inicial da
United Distillers -proprietária da
marca de uísque Johnnie Walker- ao contatá-lo era fazer um
salão. Mas ele acha que falta "um
projeto que premie e reconheça o
trabalho de peso feito no país".
Segundo Watson, "o país, seja
governo ou iniciativa privada, tem
de ter meios de reconhecer quem
produz". Para ele, já é grande o
número de salões no Brasil que
premiam figuras emergentes.
Amílcar de Castro ficou surpreso
com o premiação, não tanto pelo
reconhecimento mas por não estar
acompanhando o projeto. "Estava viajando e não sabia direito do
que se tratava. Achei incentivador,
mas pensava que iria ganhar umas
dez caixas de uísque", disse, de
sua casa, em Belo Horizonte.
Eduardo Sued estava mais por
dentro. "O Amílcar era meu preferido e gosto muito da Iole. A exposição vai ser interessante, são
artistas bem distintos", disse.
Sobre o fato de já serem conhecidos, argumentou: "Os velhinhos
também têm certo direito, pelo insumo e contribuição".
(LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO)
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