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MÚSICA
Ed Motta está de volta e anima a festa
MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha
Depois de um interregno de cinco anos sem ter seu nome estampado na capa de um disco, o soulman Ed Motta está de volta para
animar a festa com o novo álbum,
"Manual Prático para Festas, Bailes e Afins - Vol.1".
Com uma produção gráfica típica dos anos 50 ("a melhor época
em termos de estética", segundo
Motta), "Manual Prático..." é o
quarto de sua carreira e promete
fazer dançar. "Mas também é para
ouvir sentado, com a cabeça."
Motta diz que esse é seu quinto
disco, se levado em conta o da trilha sonora de "Pequeno Dicionário Amoroso", lançado este ano
-em que ele fez a canção-tema do
filme mais outras quatro músicas-, que considera "seu".
"Falso Milagre do Amor", do
filme de Sandra Werneck, conta
com duas versões no disco: uma
original e outra em versão "metais
em brasa", um tipo de orquestração que une elementos da escola
erudita com o jazz. "É muito raro
ouvir isso hoje", afirmou.
"Esse disco é extremamente
pop, e eu quero que atinja o maior
número possível de pessoas, mas
com bastante requinte, como um
filme de Frank Capra", disse Motta, 25, em entrevista à Folha, em
um hotel de São Paulo.
Extremamente minucioso, Motta cuidou dos arranjos de 15 das 16
músicas do disco e contou com
parcerias dos compositores Ronaldo Bastos, Zélia Duncan -em
duas canções-, Chico Amaral, letrista do Skank, e Rita Lee.
Foi Rita Lee, aliás, que compôs a
letra do carro-chefe do disco, "Fora da Lei". Para chegar ao resultado final, Motta fez a música e enviou pelo correio para ela. "Nós
nunca nos encontramos."
Disco music cerebral
Pelo menos três músicas, "Daqui pro Méier", "Fora da Lei" e
"A Flor do Querer", têm aspectos
de discoteca dos anos 70.
"O que mais me agrada na disco
music é que tem um requinte melódico muito legal. E esse álbum
tem um cuidado atípico dado ao
estilo pop, mais cerebral."
Os standards norte-americanos
dos anos 40/50 são as maiores referências para Motta, como Hoagy
Carmichael, Jerome Kern e Jimmy
Van Heusen, que tiveram composições gravadas por Ella Fitzgerald
e Frank Sinatra, entre outros grandes nomes da época.
"Também sou fã do 'easy listening' (também conhecido como
'música de elevador'), de Burt Bacharach e Henri Mancini."
Assumidamente nostálgico e
saudosista, Motta considera o som
feito nesta década "frio e metálico". "Eu queria viver em um
mundo com a estética dos anos 50,
a liberdade dos 70 e a facilidade
dos 90. Tenho saudades de coisas
que nunca vivi."
"Só ouço coisas feitas até, no
máximo, 1980. Com raras e boas
exceções, depois disso não foi feito
nada de bom."
Incognito ("uma das melhores
bandas de soul e funk"), Guinga e
Ryuichi Sakamoto ("os melhores
compositores do mundo") são os
artistas contemporâneos enaltecidos por Motta.
Reggae
Desde os tempos de seu ex-grupo
Conexão Japeri, Ed Motta ouve
reggae, "mas só os clássicos", como Augustus Pablo, Lee Perry,
Scientist e muito dub jamaicano.
"Era engraçado porque, naquela época (final dos anos 80), todo
mundo me criticava por eu fazer
soul e ouvir reggae."
Nesse disco, assim como em dois
anteriores, o reggae também está
presente, em "Como Dois Cristais", com introdução do já citado
Augustus Pablo.
Não só dançante, há baladas em
"Manual Prático...", como
"Vendaval" e "Por Você Ser
Mais", entre outras.
"Adoraria gravar um álbum só
com baladas, porque acho que dá
mais tempo para mostrar melhor a
voz, com mais vagar." E voz é o
que não lhe falta.
Disco: Manual Prático para Festas, Bailes e
Afins - Vol. 1
Artista: Ed Motta
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 18, em média
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