da Reportagem Local

Com a sala completamente lotada, a cineasta iraniana Samira Makhmalbaf, 18, apresentou anteontem, no Masp, seu tão elogiado filme "A Maçã".
A exibição, único evento do dia na programação da 22ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, foi seguida de um debate, em que a diretora respondeu a perguntas do público. Junto com Samira, participaram da mesa o crítico Rubens Ewald Filho, a cineasta Tata Amaral e Leon Cakoff, organizador da mostra.
O filme também terá sessão hoje, às 21h10, no Cinearte 1, logo após "O Silêncio", mais recente produção de Mohsen Makhmalbaf ("Gabbeh"), pai da cineasta.
Samira conquistou a crítica de diversas partes do mundo -como na França, onde o filme integrou mostra paralela em Cannes e foi classificado de "excelente" pelo jornal "Le Monde"- ao transpor para a tela a história verídica de duas garotinhas iranianas que, por 11 anos, permaneceram em casa trancadas pelos pais.
O caso foi parar nos jornais quando os vizinhos da família denunciaram o fato às autoridades, que chegaram a separar as meninas dos pais (um senhor sexagenário e uma mãe cega). No filme, não há atores propriamente ditos, as pessoas interpretam seus papéis.
"Não tive a intenção de julgar ninguém ao fazer "A Maçã'. O filme, inclusive, mostra o imenso amor de um pai por suas crianças -isso acaba fazendo com que ele as prenda em casa", disse Samira durante o debate.
A jovem diretora, que chegou a São Paulo na última quarta-feira, levou 11 dias para produzir "A Maçã", que se passa em um bairro pobre de Teerã, capital do Irã. O roteiro é assinado por Mohsen, para quem Samira pediu emprestado negativos para realizar o filme.
(ERIKA SALLUM)
²
Filme: A Maçã Produção: Irã, 1998
Direção: Samira Makhmalbaf Quando: hoje, às 21h10, no Cinearte 1 (av. Paulista, 2.073, Cerqueira César, tel. 011/ 285-3696)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice