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"Geração árida" volta a focar o sertão
DA REPORTAGEM LOCAL
"Baile Perfumado" (1996, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas), que
se embrenhou na caatinga para
falar do cangaço, integrou a chamada retomada. Depois dele, o cinema pernambucano reapareceu
com os superurbanos "O Rap do
Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas" (2000, de Caldas e
Marcelo Luna) e "Amarelo Manga" (2002, de Cláudio Assis).
Agora o sertão volta à cena com
intensidade total. Além de "Árido
Movie", dois outros projetos de
cineastas do Estado são movidos
pela temática e, por que não dizer,
pela estética da secura.
Dirigido por Marcelo Gomes
(do curta "Maracatu, Maracatus",
1995) com roteiro premiado pela
Fundação Hubert Bals (Holanda)
e finalista em Sundance, "Cinema, Aspirina e Urubus" está sendo rodado na Paraíba.
Com roteiro de Gomes, Caldas e
Karim Aïnouz, conta a história de
um alemão, interpretado pelo
berlinense Peter Ketnath, que nos
anos 1930 e 1940 rodava o sertão a
promover o mais famoso analgésico do mundo, então novidade.
Paulo Caldas está ainda em
"Deserto Feliz", como diretor. O
roteiro, dele e mais Marcelo Gomes, Xico Sá, crítico da Folha, e
Manuela Dias, está inscrito em
três concursos, mas Gomes diz já
ter apoios na região onde o longa
será filmado, possivelmente a
partir de abril. Trata-se de "Jualina", fusão de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), onde a miséria se une
à prosperidade da agroindústria.
"O contraste entre o sertão arcaico e o sertão high-tech é pouco
conhecido", diz o diretor.
Os projetos não são apenas
coincidência. "Mesmo com visões
diferentes, o interesse e a necessidade de interpretar o sertão está
em todos nós", analisa Caldas.
Criada pelo cineasta Amin Steplle como analogia ao mangue
beat, a expressão "árido movie"
define a geração que busca mostrar o Nordeste com linguagem
universal. Associa-se, assim, aos
três projetos. "É mais uma mística
que um movimento. Há convergência no modo de filmar", diz
Ferreira, que prepara longa sobre
Cartola (1908-80).
(FV)
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