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LITERATURA
Antonio Candido, patrono, dá palestra amanhã
Evento na Oca reúne pequenas editoras e promove debates
JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL
O livro daquele ficcionista obscuro, o daquele ensaísta desconhecido, o daquele poeta maldito.
O livro artesanal, de tiragem baixa. O livro modesto, jamais ungido com a pretensão de ser best-seller. Ao menos ao longo destes
próximos quatro dias, não será
preciso vasculhar qualquer pequena livraria de beco ou qualquer sebo empoeirado para encontrar essas obras.
Boa parte delas estará reunida
num mesmo local -a Oca, no
parque do Ibirapuera-, aguardando seus leitores por ocasião da
3ª Primavera dos Livros de São
Paulo. "É um evento que existe
para suprir a necessidade de exposição de toda essa produção",
explica Mary Lou Paris, vice-presidente da Libre (Liga Brasileira
de Editoras), entidade responsável pela organização.
Da Libre, participam mais de
cem pequenas editoras, e são elas
justamente as que agora expõem
seus catálogos, a custo e suor
construídos e comercializados.
Mas por que essa necessidade? No
Brasil, de acordo com a própria
Libre, cerca de 3.000 editoras disputam o espaço de apenas 1.500
pontos de venda -o que dá a dimensão das dificuldades de comercialização.
Outro obstáculo apontado pela
entidade é a organização do mercado em grandes redes livreiras,
como Saraiva e Siciliano. "Temos
dificuldade de entrar nessas grandes lojas, que preferem trabalhar
com poucas editoras e tendem a
procurar só os best-sellers", afirma Paris, que trabalha na editora
Terceiro Nome. E quando entra,
conta ela, cada livro das pequenas
editoras é cobrado em 55% do seu
preço de capa, o que praticamente
inviabiliza o negócio.
Na Primavera, não há a hierarquia observada nas livrarias e
grandes feiras em geral. Os estandes são divididos em espaços
iguais e sorteados entre as editoras participantes. Além disso, têm
a presença dos próprios editores
-não de vendedores-, o que facilita o contato entre empresas e
leitores e acaba sendo um prato
cheio para autores novos à procura de editoras.
Por fim, o evento ainda conta
com uma vasta programação de
debates e palestras, sobre questões comerciais e educacionais relacionadas ao livro, mas também
sobre a literatura em si. Destaque
para a participação amanhã do
patrono da Primavera, Antonio
Candido, que ainda recebe uma
homenagem no domingo.
Também vale a pena prezar um
debate que ocorre no sábado,
com a participação do geógrafo
Aziz Ab'Saber, sobre as relações
entre livro e meio-ambiente. De
resto, uma programação infantil
igualmente farta e o lançamento
de mais de 30 títulos novos.
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