São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LITERATURA

Antonio Candido, patrono, dá palestra amanhã

Evento na Oca reúne pequenas editoras e promove debates

JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL

O livro daquele ficcionista obscuro, o daquele ensaísta desconhecido, o daquele poeta maldito. O livro artesanal, de tiragem baixa. O livro modesto, jamais ungido com a pretensão de ser best-seller. Ao menos ao longo destes próximos quatro dias, não será preciso vasculhar qualquer pequena livraria de beco ou qualquer sebo empoeirado para encontrar essas obras.
Boa parte delas estará reunida num mesmo local -a Oca, no parque do Ibirapuera-, aguardando seus leitores por ocasião da 3ª Primavera dos Livros de São Paulo. "É um evento que existe para suprir a necessidade de exposição de toda essa produção", explica Mary Lou Paris, vice-presidente da Libre (Liga Brasileira de Editoras), entidade responsável pela organização.
Da Libre, participam mais de cem pequenas editoras, e são elas justamente as que agora expõem seus catálogos, a custo e suor construídos e comercializados. Mas por que essa necessidade? No Brasil, de acordo com a própria Libre, cerca de 3.000 editoras disputam o espaço de apenas 1.500 pontos de venda -o que dá a dimensão das dificuldades de comercialização.
Outro obstáculo apontado pela entidade é a organização do mercado em grandes redes livreiras, como Saraiva e Siciliano. "Temos dificuldade de entrar nessas grandes lojas, que preferem trabalhar com poucas editoras e tendem a procurar só os best-sellers", afirma Paris, que trabalha na editora Terceiro Nome. E quando entra, conta ela, cada livro das pequenas editoras é cobrado em 55% do seu preço de capa, o que praticamente inviabiliza o negócio.
Na Primavera, não há a hierarquia observada nas livrarias e grandes feiras em geral. Os estandes são divididos em espaços iguais e sorteados entre as editoras participantes. Além disso, têm a presença dos próprios editores -não de vendedores-, o que facilita o contato entre empresas e leitores e acaba sendo um prato cheio para autores novos à procura de editoras.
Por fim, o evento ainda conta com uma vasta programação de debates e palestras, sobre questões comerciais e educacionais relacionadas ao livro, mas também sobre a literatura em si. Destaque para a participação amanhã do patrono da Primavera, Antonio Candido, que ainda recebe uma homenagem no domingo.
Também vale a pena prezar um debate que ocorre no sábado, com a participação do geógrafo Aziz Ab'Saber, sobre as relações entre livro e meio-ambiente. De resto, uma programação infantil igualmente farta e o lançamento de mais de 30 títulos novos.


Texto Anterior: Panorâmica - Música: Fantomas substitui Suicidal Tendencies
Próximo Texto: Livro: Alemanha publica retrato "nada chique" e humano de Brasília
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.