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MÚSICA/CRÍTICA
MPB eletrônica ainda precisa evoluir
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Assim como os acústicos, os
álbuns ao vivo e as trilhas de
novela, os discos de MPB eletrônica já se tornaram um padrão do
mercado fonográfico nacional.
Realizações surgem para preencher esse espaço e agradar a um
público crescente, como é o caso
de dois lançamentos atuais: "Na
Pista, Etc.", com regravações eletrônicas de Djavan pelo próprio, e
"Quero Dizer a que Vim", com remixes de músicas brasileiras variadas pelo DJ Zé Pedro, notório
como personalidade do programa de Adriane Galisteu.
Antes que alguém pergunte
qual a relevância de um disco do
DJ Zé Pedro, vale lembrar que sua
função é mais que lançar discos, é
efetivamente ser disc-jóquei.
Amigo das estrelas, autor de trilhas de desfiles de moda, ele atua
também como animador de baladas. Naturalmente, o bom gosto
de quem o convida para animar
sua festa pode ser discutível, mas
a justificativa é real.
Seu disco, que tem várias boas
idéias e seleciona algumas canções bacanas, funciona para mostrar que a MPB eletrônica ainda
precisa comer muito arroz e feijão
para fugir das obviedades e se tornar interessante para quem busca
mais que a animação sem senso
crítico.
Chico Buarque, Gal Costa, Jorge
Ben, Jair Rodrigues, Marina Lima,
Fernanda Porto e Ana Carolina,
além de alguns bons achados como Banda Black Rio e Baiano &
os Novos Caetanos, estão entre os
remixados por Zé Pedro em electro, house e drum'n'bass. Não é
difícil perceber que a qualidade
do CD não dura muito mais do
que uma festa na Vila Olímpia.
Já Djavan é um caso mais delicado. Admirado por muitos, tido
como cafona por tantos outros,
sua importância e qualidade são,
sob certos aspectos, indiscutíveis.
Mas o fato é que ele, com 30 anos
de carreira, já chegou naquele
ponto em que joga pra ganhar.
Seu público já está estabelecido e é
para ele que Djavan faz música.
Não há, portanto, uma apreciação
do disco por sua inovação, mas
pelo potencial perante o mercado.
Djavan é Djavan. Seu público
vai gostar do álbum eletrônico?
Provavelmente sim. Quem não
gosta dele vai gostar? Provavelmente não. Produzido por Liminha e Donatinho (filho de João
Donato, também pianista, adepto
de eletrônicos e sempre atrás de
timbres, pianos e teclados antigos), o disco traz regravações de
músicas como "Sina" e "Se".
Os detalhes interessantes existem -uma levada latina aqui, um
"talk box" acolá-, mas estes se
perdem entre timbres, batidas e
maneirismos de interpretação
manjados. Com tudo isso, fica claro que o que move a eletrônica na
MPB não é apenas buscar uma
maneira nova de fazer e ouvir
música, mas toda uma "cena".
Tomara apenas que isso seja um
processo evolutivo que desemboque, em breve, em músicas mais
originais e interessantes.
Na Pista, Etc.
Artista: Djavan
Lançamento: Luanda Records
Quanto: R$ 23, em média
Quero Dizer a que Vim
Artista: DJ Zé Pedro
Lançamento: Distribuidora Indepentente
Quanto: R$ 18, em média
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