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COMIDA
Restaurantes paulistanos passam a oferecer menus harmonizados com
bebidas sem álcool; aprenda como combinar seu prato com o que vai beber
Leves combinações
CRISTIANE LEONEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Você olha pela janela do restaurante e agradece por terem inventado o ar-condicionado. Pede então um prato leve, com salada e
tudo mais que combine com o calor que faz lá fora. Até que vem a
pergunta crucial do garçom: "O
que vai beber?"
Se a alta temperatura compromete a clássica combinação com
vinho tinto ou você não é adepto
das bebidas alcóolicas, a melhor
opção é ir ao pé do cardápio, pois
lá, nos tópicos "Sucos", "Coquetéis sem álcool" e, acredite,
"Chás" está uma possível salvação
para o dilema. Sabendo disso, alguns restaurantes de São Paulo já
se prepararam para oferecer seu
menu harmonizado com as bebidas e deixam à disposição um
sommelier para orientar a escolha
da clientela. Mas vale sempre perguntar, já que, em geral, as combinações não estão indicadas nos
cardápios.
Na lista dos que incluíram uma
carta de chás especiais para harmonização, está, por exemplo, o
D.O.M., que recebeu orientação
da "tea blender" argentina Inés
Berton. Já o Bistrô Charlô, o East e
o Boa Bistrô são alguns dos que
foram norteados por Carla Saueressig, considerada a maior especialista em chás no Brasil, representante da marca alemã Tee
Gschwendner no país e proprietária da Loja do Chá, no shopping
Iguatemi.
Sobre chás e suas possíveis
combinações, Carla Saueressig
explica que os gelados são sempre
mais recomendados para acompanhar as saladas. No caso de carnes vermelhas, os pretos, mais encorpados e servidos quentes,
combinam melhor. "Os peixes
caem bem com chás verdes, mas
se for um salmão, por exemplo,
também fica bom com um chá
defumado", explica a especialista.
Mas comida com chá quente?
Ainda mais no verão? "Os ingleses, por exemplo, costumavam
tomar chá quente com frutas. Se a
gente toma café quente no calor,
por que não tomar o
chá quente?"
Proprietário da
Bombay Food Service,
empresa distribuidora
de chás importados e
nacionais no Brasil,
Nelo Linguanotto discorda de Carla a respeito dos chás quentes, que, segundo ele,
devem ser deixados
para o final da refeição. "O clima do Brasil não é muito próprio para este tipo de combinação. Durante a comida, o chá
gelado é mais interessante. Os que
têm toques cítricos ficam bem
com as carnes brancas", diz o empresário, que trabalha com chás
desde a década de 70.
Sucos e coquetéis
Para a escolha dos sucos, não é
preciso um conhecimento extenso no assunto, já que as variações
da bebida são menores se comparadas ao chá. O chef do restaurante Via Amauri, Volmar Zocche,
explica que os pratos mais leves,
com peixe por exemplo, têm nos
sucos de laranja e tangerina bons
aliados para uma refeição. Já as
carnes vermelhas combinam com
suco de abacaxi, um fruta mais digestiva, e limonada suíça, de sabor mais acentuado. Para Zocche,
no entanto, o suco de tangerina é
o maior coringa das refeições.
"Combina com quase todos os
pratos porque é refrescante como
o suco de laranja e não tem aquela
forte acidez", diz. Cuidado com a
manga -ela pode pregar uma
peça a quem levá-la à refeição.
Zocche alerta: "O suco de manga é
quase uma vitamina de tão grosso, o que torna difícil qualquer
combinação. É melhor deixá-lo
para o café da manhã".
Os coquetéis seguem quase a
mesma lógica das frutas, porém
as combinações são um pouco
mais elaboradas. Rodrigo Zamora, chef do Água Bar, explica que
as frutas contidas nos coquetéis
devem harmonizar com cada ingrediente da comida servida. É o
caso, por exemplo, da sugestão
"light" do Água: wrap de queijo
branco, peito de peru, tomate, alface e legumes com o coquetel
yang-tsé, com caju, laranja, abacaxi, maracujá, tangerina, pêssego, uva e groselha. "A uva, o abacaxi, a groselha e o pêssego ficam
perfeitos com o peito de peru. A
laranja e a tangerina caem bem
com os legumes crus; e o caju, o
maracujá são bons com o queijo."
Zamora lembra que os coquetéis só não podem levar água gaseificada (prejudica a digestão),
nem gelada (pode alterar o sabor
da fruta; o gelo deve ser acrescentado pouco antes de beber). E, seguindo a opinião do chef do Via
Amauri, a única fruta proibida,
para Zamora, é a manga. "É quase
uma segunda refeição", diz.
Se o prato for apimentado, uma
alternativa interessante são coquetéis que levam morango, pois
"a fruta neutraliza a pimenta na
boca". A outra dica do chef do
Água Bar é não adoçar os sucos,
nem com adoçantes, que possuem gosto metálico, nem com
açúcar, que compromete o sabor
original da fruta e soma calorias à
refeição.
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