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Animação
Programa leva ironia infantil ao morro
DA REPORTAGEM LOCAL
O carioca é, a rigor, uma invenção recente; resultado da
queda de divisão do Rio de Janeiro no campeonato simbólico nacional: de síntese de um
país, para alegoria (carnavalesca) de si mesmo.
Tendo deixado de ser "o brasileiro", o carioca é cada vez
mais um personagem "regional", uma curiosidade étnica
("etnia" é todo grupo social que
não está no poder).
Recheada de gírias de morros
cariocas e realizado por crianças de favelas do Rio, que manuseiam pecinhas de Lego
-são os personagens- numa
maquete de favela, a série "TV
Morrinho" é das coisas mais
simpáticas a surgir na programação para crianças da TV.
Estréia hoje na Nickelodeon.
No episódio "Baile de Carnaval", esse "regionalismo" carioca surge sintetizado no nome
do enredo da escola de samba:
"Deus sabe tudo, mas não é X-9". Como se sabe, X-9 é o alcagüete, identificado, em seu significado estrito, como quem
entrega à polícia a movimentação do tráfico. Na série, tem
menino vigiando vizinho com
binóculo e protagonista em crise porque, sendo funkeiro, terá
agora que desempenhar como
puxador de samba.
Prova que o casamento entre
favela carioca e programação
infantil era talvez inevitável
-afinal, ironia é o nome do jogo, nos dias que correm, nos
dois territórios.
(RAFAEL CARIELLO)
TV MORRINHO
Quando: hoje, às 18h
Onde: Nickelodeon
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