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Biografia expõe relação simbiótica com ex-marido
DE SÃO PAULO
Marina Abramovic já deixou estipulado que, quando
morrer, deverá ser velada
em Nova York, numa cerimônia com três caixões
-um com seu corpo e dois
com imitações dele-, a serem enviados à América, à
Europa e à Ásia e enterrados
diretamente na terra.
As instruções são o prefácio da biografia "When Marina Abramovic Dies"
(quando Marina Abramovic
morrer; The Mitt Press, 328
págs., US$ 18,45 na Amazon), lançada nos EUA.
Escrita por James Westcott, um ex-assistente da artista, o livro conta, sem ser
chapa-branca, a história da
mais influente artista da
performance, que misturou
como poucos arte e vida.
Por isso, a publicação dá
grande destaque à relação
dela com Ulay, como é conhecido o alemão Frank
Uwe Laysiepen, com quem
viveu entre 1976 e 1988, numa relação simbiótica que o
livro narra em detalhes.
"Ainda não o li, porque é
tudo muito recente, mas parece que fala mais do Ulay
do que de mim, pelo número de páginas dedicado a cada um", brinca Abramovic.
Não é bem verdade, mas
Ulay e sua ausência são temas não só constantes no livro como em suas falas.
Segundo o livro, depois
de separada, ela aumentou
os seios no Brasil, com o cirurgião plástico Luiz Paulo
de Azevedo Barbosa. No hotel Fasano, ela assume que
o fez para ajudar a superar a
separação: "Já tinha 40
anos, ele me deixou para ficar com outra, muito mais
jovem, e ainda a engravidou. Precisava fazer algo",
afirmou, enquanto se maquiava para as fotos.
Essa aparente vaidade
não diminui a radicalidade
das performances realizadas pela artista nos últimos
39 anos -sua primeira ação
ocorreu em outubro de 1971.
E, ao narrar a história da
artista, desde a infância na
antiga Iugoslávia, pontuada por conturbada relação
com a mãe, o livro torna claras as principais questões
que Abramovic trabalha.
Pois, como ela definiu num
manifesto recente: "Os artistas devem procurar a inspiração em seu âmago;
quanto mais se aprofundarem em seu âmago, mais
universais serão".
(FC)
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