São Paulo, quarta, 17 de dezembro de 1997.




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Depois da morte

FERNANDO BONASSI

Pega a mulher, espreme: "Você vai me fazer um favor". Ela balança a cabeça: é sim, de susto. O homem põe a arma e dispara. A mulher cai mole. Encosta no ouvido dela ainda tremendo: "Maria?". Muda de ouvido: "E agora, Maria?". Da rua chega a sirene. "Você... tá chorando?!" E urgente: "Como é aí, Maria? Fala! Tem luz?". A polícia na escada. Batem c'os pés que não há carpete que esconda. O homem dá um passo atrás. Pede: "Desculpa, mas... me diga, por amor de Deus! Tem luz? Tem Deus no fim de um buraco?". E a polícia abre a porta sem dó. E o homem fica sem resposta.



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