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MÚSICA
"As Mil e Uma Aldeias", novo trabalho do cantor, traz suas 13 faixas assinadas por Francisco Bosco
João Bosco apresenta disco "familiar"
LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial ao Rio
O cantor e violonista mineiro
João Bosco, 51, lança seu 19º disco.
Mas, apesar de ter apenas seu nome estampado na capa, "As Mil e
Uma Aldeias" não é um disco solo.
É uma parceria com seu filho
Francisco, 21. "Esse disco é muito
pessoal. É familiar", avisa João.
Escritor, Francisco tem dois livros publicados pela editora Sette
Letras ("Florestado", de 96, e
"Atrás da Porta", deste ano). Agora se lança como letrista com o pai.
"É a minha melhor performance
literária", diz ele, que reconhece
sentir uma certa insegurança em
ocupar um lugar que já foi de gente
como Aldir Blanc, com quem João
não trabalha há dez anos.
"Era uma química que deu muito certo e depois disso deixou de
existir. Isso aconteceu com Lennon e McCartney, com Tom e Vinícius, Elis (Regina) e César (Camargo Mariano)", explica João.
Tupy or not Tupy
No disco, João e Francisco Bosco
propõem uma viagem musical que
parte do Brasil e passa por vários
lugares. Daí o nome do disco. Essa
viagem se dá em letra e ritmo.
"Mas é um disco de música brasileira. Meu trabalho não é étnico", diz o cantor, para quem as influências que aparecem no trabalho são resultado de fusão, não de
sobreposição. "O 'tupy or not
tupy' continua sendo válido", afirma ele.
"Mostro o que vem de outros lugares e que está dentro do Brasil."
A ênfase, por motivos pessoais
(ele é descendente de libaneses), é
dada à cultura árabe.
Essa influência é temática -a
começar pelo título, uma referência às "Mil e Uma Noites"- e musical. Há inclusão de cítaras e uso
de escala árabe, por exemplo.
Tudo incorporado à música brasileira. "Em 'O Medo', eu vejo o
Luis Gonzaga com sua sanfona
branca e o Nusrat Fateh Ali Khan
(cantor paquistanês) sentado no
tapete cantando a mesma música", diz João.
"A sonoridade mais recorrente é
árabe, mas a influência é múltipla", diz Francisco.
Balé
João Bosco está enfrentando outra missão. Criar uma música para
um balé do grupo Corpo.
Depois de muitas desculpas, ele
aceitou a encomenda feita por Rodrigo Pederneiras. Um trabalho
bem distinto daquele que está habituado a fazer.
"A música de balé requer um
abstracionismo muito grande. Ela
não conta uma história por si só"
O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite
da gravadora Sony
Disco: As Mil e Uma Aldeias
Artista: João Bosco
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 18, em média
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