São Paulo, quarta, 17 de dezembro de 1997.




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MÚSICA
"As Mil e Uma Aldeias", novo trabalho do cantor, traz suas 13 faixas assinadas por Francisco Bosco
João Bosco apresenta disco "familiar"

LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial ao Rio

O cantor e violonista mineiro João Bosco, 51, lança seu 19º disco. Mas, apesar de ter apenas seu nome estampado na capa, "As Mil e Uma Aldeias" não é um disco solo. É uma parceria com seu filho Francisco, 21. "Esse disco é muito pessoal. É familiar", avisa João.
Escritor, Francisco tem dois livros publicados pela editora Sette Letras ("Florestado", de 96, e "Atrás da Porta", deste ano). Agora se lança como letrista com o pai.
"É a minha melhor performance literária", diz ele, que reconhece sentir uma certa insegurança em ocupar um lugar que já foi de gente como Aldir Blanc, com quem João não trabalha há dez anos.
"Era uma química que deu muito certo e depois disso deixou de existir. Isso aconteceu com Lennon e McCartney, com Tom e Vinícius, Elis (Regina) e César (Camargo Mariano)", explica João.
Tupy or not Tupy
No disco, João e Francisco Bosco propõem uma viagem musical que parte do Brasil e passa por vários lugares. Daí o nome do disco. Essa viagem se dá em letra e ritmo.
"Mas é um disco de música brasileira. Meu trabalho não é étnico", diz o cantor, para quem as influências que aparecem no trabalho são resultado de fusão, não de sobreposição. "O 'tupy or not tupy' continua sendo válido", afirma ele.
"Mostro o que vem de outros lugares e que está dentro do Brasil."
A ênfase, por motivos pessoais (ele é descendente de libaneses), é dada à cultura árabe.
Essa influência é temática -a começar pelo título, uma referência às "Mil e Uma Noites"- e musical. Há inclusão de cítaras e uso de escala árabe, por exemplo.
Tudo incorporado à música brasileira. "Em 'O Medo', eu vejo o Luis Gonzaga com sua sanfona branca e o Nusrat Fateh Ali Khan (cantor paquistanês) sentado no tapete cantando a mesma música", diz João.
"A sonoridade mais recorrente é árabe, mas a influência é múltipla", diz Francisco.
Balé
João Bosco está enfrentando outra missão. Criar uma música para um balé do grupo Corpo.
Depois de muitas desculpas, ele aceitou a encomenda feita por Rodrigo Pederneiras. Um trabalho bem distinto daquele que está habituado a fazer.
"A música de balé requer um abstracionismo muito grande. Ela não conta uma história por si só"


O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da gravadora Sony
Disco: As Mil e Uma Aldeias Artista: João Bosco Lançamento: Sony Quanto: R$ 18, em média


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