São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2001

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MÚSICA

"Dwitza" chega às lojas em janeiro e traz o cantor tocando teclados, guitarra e usando a voz como instrumento

Ed Motta dá descanso ao gogó em novo CD

EDSON FRANCO
EDITOR DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÃO

Para os fãs da fase mais "Manoel" de Ed Motta, 30, o nome do novo CD do cantor carioca, "Dwitza", é um dos aspectos que vai soar menos estranho. Depois de 15 anos alicerçando sua carreira com os dançantes soul e funk, ele resolveu descansar o gogó e mostrar o que é capaz de fazer com as mãos e com a cabeça.
Com previsão de chegada ao mercado em janeiro, o álbum é basicamente instrumental e será lançado simultaneamente no Brasil (pela Universal), na Europa e no Japão (pelo selo Whatmusic).
São 14 composições próprias, das quais apenas duas receberam letra. Motta toca teclados, guitarra e usa a voz como instrumento.
Na semana passada, ele recebeu a Folha em um estúdio paulistano, onde foi feita a masterização de "Dwitza". Além de exibir com exclusividade todas as faixas, o cantor explicou a origem da obra e o desvio de rota na carreira.
"Quando chega a hora de renovar o contrato com a gravadora, tem gente que pede dinheiro, carro importado, apartamento, férias no Havaí. Eu pedi um disco de música instrumental."
Segundo o cantor, a Universal recebeu bem o projeto e investiu na produção montantes similares aos despendidos nos discos anteriores. "Eles até absorveram um estouro no orçamento."
E não houve um momento em que questionaram as escolhas estilísticas? "Nem tentaram. Além do contrato [no qual ele exige assinar a produção de seus discos], eu garanto isso com a minha tacanhice. Sou um cara turrão."
Audiófilo obsessivo e exigente, Motta viu atendidas todas as suas reivindicações em termos de estúdios, equipamentos e músicos.
"Gravei numa sala de pedra, para obter uma reverberação natural. É uma coisa baseada no trabalho de mestres da produção, como Rudy van Gelder, Tom Dowd e Al Schmidt. Isso tem uma conotação romântica e purista, mas não esnobe e segregacionista."
Além da ambientação, Motta teve liberdade e verba para contratar músicos como o saxofonista Teco Cardoso e o guitarrista Paulinho Guitarra. "Sigo uma frase do Godard, de quem não sou muito fã. Ele diz que todo artista é um ditador por excelência. Eu não consigo trabalhar com quem tem uma palavra maior ou igual à minha dentro da minha arte."
Na hora de falar sobre a unidade estilística da obra, o cantor diz que a linha do disco é não ter linha e que os críticos que tentarem encontrá-la vão "quebrar a cara".
Entre os estilos musicais que desfilam pelo trabalho, Motta destaca o jazz "afrocêntrico" -praticado por músicos como Randy Weston e Arthur Blythe-, a música orquestral brasileira e a sonoridade das trilhas de cinema.
E os fãs antigos vão saber degustar isso? "É uma questão de costume. Se há dez anos você colocasse na frente de um brasileiro um pedaço de salmão, ele perguntaria: "Que peixe fedorento é esse?". Hoje, ele baba por uma torrada com salmão", conjetura Motta.


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