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Crítica
"A Conversação" mostra um Francis Coppola profundo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"A Conversação" (TCM,
22h; classificação indicativa
não informada) é um filme estranho na vida de Francis Coppola porque vem depois de "O
Poderoso Chefão" (1972), coincide mais ou menos com o
"Chefão 2" (1974) e precede o
conturbado e mitológico "Apocalypse Now" (1979).
Em todo caso, estávamos na
fase mais pródiga da carreira
de Coppola, e de todos não é
impossível que este seja o mais
profundo dos três, ou ao menos
aquele cujas decorrências mais
foram sentidas no futuro.
Ou seja, Coppola trata da capacidade, cada vez crescente,
de aparelhos de escuta de alta
tecnologia investigarem as pessoas e darem fim à própria
idéia de privacidade.
Essa tecnologia torna a cultura policialesca, digamos assim, e aponta uma tendência
que parece irreversível ao controle das subjetividades não
por um sistema político (o fantasma de "1984", por exemplo),
mas pelo desenvolvimento de
tecnologias cujo fundamento é
espiar a vida dos outros da maneira mais completa possível.
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