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DANÇA
Coreógrafo francês apresenta em Paris seu mais novo espetáculo, que estará no Brasil a partir de 5 de abril
Béjart prova que mantém fôlego criador
ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha, em Paris
O novo espetáculo de Maurice
Béjart, que estreou ontem em Paris, promete ser sucesso no Brasil,
durante a temporada que o coreógrafo francês e seu grupo, o Béjart
Ballet Lausanne, realizarão no país
a partir de 5 de abril.
Segundo Béjart, ``Le Presbytre
Ná Rien Perdu de Son Charme, Ni
le Jardin de Son Éclat'' (O presbitério não perdeu seu charme, nem o
jardim seu brilho), título de seu
novo espetáculo, não possui conotações específicas.
``Para mim, é uma frase atraente, bonita poeticamente e que nos
anos 20 serviu de referência aos
surrealistas'', ele diz sobre o título
tirado de ``Le Mystre de la Chambre Jaune'', de Gaston Leroux.
No imenso repertório de Béjart,
``Le Presbytre'' assinala um novo
momento. Longa, mas capaz de
prender a atenção do espectador
durante quase duas horas, essa
obra revela uma transcendência
após certo esgotamento criativo
enfrentado pelo coreógrafo.
Após a morte prematura do bailarino Jorge Donn, vítima da Aids
e fonte de inspiração de Béjart durante 30 anos, o coreógrafo chegou
a dissolver o Béjart Ballet Lausanne, que agora se recompõe.
De novo Béjart exibe bailarinos
divinos. Com o domínio cênico
que lhe é natural, o coreógrafo
também introduz sua coreografia
em um belo ambiente.
Com ``Le Presbytre'', Béjart dá
um corte no repertório de obras
rebuscadas e grandiloquentes, que
muitas vezes abordavam figuras
ou acontecimentos históricos.
Mais simples e despojado, Béjart
chega agora à Aids, sem fazer do
tema um lamento ou um manifesto. ``Não se trata de um balé sobre
Aids, mas sobre aqueles que morrem jovens'', explica Béjart.
Coreograficamente, ``Le Presbytre'' não apresenta novidades.
Apóia-se, somente, na linguagem
que sempre caracterizou Béjart, ou
seja, técnica clássica como suporte
fundamental de uma dança símbolo de poder vital.
O filme projetado no final, sobre
Donn em cena, peca pelo excesso,
mas não deixa de ser comovente.
Se não é a melhor obra de Béjart,
``Le Presbytre'' mostra que o coreógrafo ainda tem fôlego criador.
A jornalista Ana Francisca Ponzio viajou a convite da Media Mania.
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